O Google Fotos a chamar “gorilas” a um casal de afro-americanos. O Google Mapas a direcionar os que querem ver “a casa do preto” para uma imagem da Casa Branca. O tradutor da Google a fazer das suas, ao transformar uma “feira do grelo” numa “feira do clitóris”. Fique a conhecer cinco erros existentes (e já resolvidos) nos serviços da empresa Google, que a BBC destaca.
1 – A “feira do grelo” que passou a “feira do clitóris”
Quem já utilizou o serviço de tradução da Google – o Google Translator – sabe que nem sempre é fiável. E que algumas traduções podem mesmo causar dúvidas a quem lê. Não foi o caso dos organizadores da “feira do grelo”, um evento que decorre na Galiza, no pequeno concelho de As Pontes de García Rodríguez, que nem duvidaram do que o serviço lhes deu.
A feira tem como intenção homenagear o grelo, o rebento de planta muito conhecido quer em Espanha quer em Portugal (e muito usado na gastronomia dos dois países). Os organizadores, pouco versados em espanhol, tentaram traduzir o nome do evento do galego. Não correu bem: o serviço de tradução levou o calão à letra, e o evento passou de “feira do grelo” a “festa do clitóris”. No convite para as celebrações constava o seguinte excerto:
O clitóris é um dos produtos típicos da cozinha galega (…) o festival fez do clitóris um dos produtos mais importantes da gastronomia local.
2 – Os gorilas norte-americanos
Chamar gorilas a afro-americanos? Seria só mais um caso de insultos raciais nos Estados Unidos – um país que tem vivido em permanente tensão racional entre brancos e negros. Desta feita, a Google viu-se envolvida, e não foi fácil desfazer o equívoco.
Tudo aconteceu com a aplicação Google Photos, que permite armazenar e partilhar imagens e vídeos. Tem uma característica, que até pode ser uma vantagem, mas que neste caso foi mesmo um problema: renomeia automaticamente as imagens que os utilizadores lá inserem. Um casal negro ficou, compreensivelmente, pouco satisfeito com o serviço: depois de fazerem upload de uma imagem dos dois, o serviço deu-lhe automaticamente o nome de “gorilas”.
O caso motivou fortes protestos e a Google viu-se forçada a vir a público pedir desculpa. “Estamos consternados e lamentamos realmente que isto tenha acontecido”, afirmou à BBC um porta-voz da empresa, que garantiu ainda estar a tomar “ações imediatas para evitar esse tipo de resultados”.
3 – Praça Adolf Hitler
Ter uma praça com um nome de um responsável por um regime ditatorial já é, no geral, mal visto. Mas chamar a uma praça “Praça Adolf Hitler”, no século XXI consegue bater todos os recordes. Não que ela não tenha existido – existiu, entre 1933 e 1947, altura em que o nazismo reinava na Alemanha. Mas mudou de nome então, para “Theodor-Heuss-Platz”. Só que, em janeiro de 2014, voltou a ter o nome antigo, segundo o serviço Google Maps.
Foi mais um lapso, claro, devidamente corrigido pouco depois, mas não sem antes os protestos se fazerem ouvir – e obrigarem a Google a vir a público pedir desculpas, sem ser capaz de justificar o ocorrido. “Sempre que nos avisam que há um nome errado ou falso no Google Mapas, corrigimo-lo imediatamente”, afirmou um porta-voz da empresa, segundo a BBC em declarações enviadas à imprensa alemã, que lamentou o lapso: “Pedimos desculpas por este erro”, escreveu.
4 – Cadáver no Google Maps durante oito dias
Mais um erro da Google envolvendo o serviço Google Maps, o serviço de visualização de imagens e mapas em todo o planeta. Numa das imagens de Richmond (estado da Califórnia), podia ver-se um cadáver de uma criança de 14 anos, Kevin Barrera. A criança tinha sido assassinada em 2009, e o corpo fora deixado junto a um trilho de comboio, situado junto à sua casa.
Os satélites captaram a imagem do jovem, cercado por quatro pessoas e um carro da polícia, e ela permaneceu no Google Maps por um extenso período de tempo. O pai queixou-se da situação e a Google veio pedir desculpa, através do vice-presidente do Google Maps, Brian McClendon: “Os nossos corações estão com a família do jovem”, disse. Mas a empresa demorou ainda oito dias a retirar a imagem da aplicação.
5 – “A casa do preto” que ia dar à Casa Branca (de Barack Obama)
Mais um problema do Google Maps: até maio deste ano, relata a BBC, quem escrevesse no motor de busca do serviço “Nigger house” (a casa do preto) ou “Nigger king” (o rei preto) encontrava a morada da Casa Branca, residência oficial de Barack Obama. O termo tem uma conotação pejorativa nos Estados Unidos.
Tal como noutros casos, os protestos, que acusavam a empresa de fomentar o racismo no país, obrigaram a Google a justificar-se e a desculpar-se pela situação. A empresa reconheceu, em comunicado, que surgiram “alguns resultados inapropriados no Google Maps, que não deviam ter aparecido” e que a multinacional americana estava a trabalhar para “resolver o problema rapidamente”.