Desengane-se quem julgar que os consumidores chineses preferem os motociclos, por causa do trânsito caótico em muitas das suas cidades. Ou que vão de bicicleta para o trabalho, para reduzir a sua pegada ecológica. Longe vão esses dias.

Com a ascensão da classe média na segunda maior economia do mundo, aumentou também o poder de compra dos chineses e hoje há mais de 154 milhões de veículos a circular no país, segundo dados do Ministério da Segurança Pública local.

Por outro lado, a Organização Internacional de Fabricantes Automóveis avança que em 2015 serão produzidos em território chinês mais de 16,5 milhões carros. É cerca de um quinto de toda a produção mundial e um valor semelhante ao da produção automóvel na União Europeia.

É verdade que muitos dos veículos produzidos na China são modelos das maiores construtoras internacionais — os grupos PSA, Volkswagen ou Fiat, por exemplo, há muito que deslocalizaram parte da sua produção para China, não só por ser um mercado onde a procura aumentou e muito, mas também pela redução que têm nos custos de produção — embora existam cada vez mais marcas chinesas no mercado interno.

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O que há de curioso nestas marcas é que muitos dos seus modelos são cópias autênticas (às vezes descaradas) de modelos de marcas ocidentais. E só com um olho clínico (bom, por vezes nem é preciso tanto) se conseguem detetar as diferenças exteriores.

Há construtoras, como a Land Rover ou a Rolls-Royce, que agiram judicialmente contra as construtoras chinesas que lhes copiaram os modelos, mas outras há que não avançam para os tribunais, sob risco de Pequim declarar o embargo aos seus veículos. O rombo aí seria maior. Muito maior.

Recordamos-lhes cinco modelos. O original e a chinesice. Descubra as diferenças:

1) Mini vs. Lifan 330

(Créditos: Sergio Dionisio/Getty Images e Lifan Motors)

(Créditos: Sergio Dionisio/Getty Images e Lifan Motors)

O modelo britânico é icónico. Seja qual for a geração de que se fale. Mas tomemos as gerações mais recentes do Mini. O Lifan 330, produzido pela empresa chinesa Lifan Motors, é muito, como chamar-lhe, idêntico. Mas a Lifan não vende o 330 só na China. A Rússia e o Peru são dois dos países onde o Mini… perdão!, o 330, se comercializa.

2) Smart vs. Zotye E30

(Créditos: PATRICK HERTZOG/AFP/Getty Images e China Auto Web)

(Créditos: Patrick Hertzog/AFP/Getty Images e China Auto Web)

O Smart é comercializado pela alemã Daimler. O modelo branco, acima, é feito pela Zotye Auto, fundada em 2005. São os dois ultra-compactos. O Smart vende 1,7 milhões de unidades por ano em 46 países — incluindo o gigante asiático. O modelo da Zotye vende outros tantos… só na China.

3) Range Rover Evoque vs. LandWind X7

(Créditos: Tim Whitby/Getty Images e Wikimedia Commons)

(Créditos: Tim Whitby/Getty Images e Wikimedia Commons)

O grupo Land Rover não foi de modas e processou a construtora chinesa Landwind. É que o SUV Evoque e o X7 são cópias feitas a papel químico. O problema é que as autoridades chinesas arquivaram o caso no começo deste ano. E a Landwind não teve que pagar um só yuan à Land Rover. O diretor-geral da Land Rover, Ralf Speth, lametou à época: “As construtoras não têm qualquer poder para impedir as marcas chinesas de roubar os seus modelos. A nossa única esperança é que os consumidores notem a diferença.”

4) Toyota Yaris vs. Chery Riich M1

(Créditos: PHILIPPE HUGUEN/AFP/Getty Images e Wikimedia Commons)

(Créditos: Philippe Huguen/AFP/Getty Images e Wikimedia Commons)

Cópia descarada ou inspiração desmedida? O modelo Riich M1 da construtora Chery (umas das mais internacionais entre as chinesas) é igual a uma das anteriores gerações do Toyota Yaris. A Toyota chegou a ponderar processar a Chery, mas optou por descontinuar (à época) o Yaris na China. O Riich M1, por sua vez, continua a vender como pãezinhos quentes.

5) Rolls-Royce Phantom vs. Geely GE

(Créditos: ChinaFotoPress/Getty Images e Li Xin/AFP/Getty Images)

(Créditos: China Foto Press/Getty Images e Li Xin/AFP/Getty Images)

O Rolls-Royce Phantom custa qualquer coisa como 348 mil euros. O Geely GE, 42 mil. As semelhanças não estão só na silhueta. Até o Spirit of Ecstasy, na frente do capô, é copiado sem decoro. A Rolls-Royce processou a construtora chinesa Geely e esta terá alegado que o que fez foi uma “reinvenção”.