D. Manuel Clemente, em entrevista à agência Lusa, disse que tem “constantemente” testemunhos deste trabalho que “nunca vem à ribalta nem nas paragonas” dos jornais. O prelado lisboeta referiu o trabalho de religiosos e leigos junto “dos mais fracos”, das pessoas doentes, que precisam de cuidados, “tratar de expedientes que as pessoas não sabem tratar” ou das mães que não têm onde deixar os filhos, para irem trabalhar.

Um trabalho que “é muito difícil de contabilizar”, sublinhou, para referir em seguida: “daí eu utilizar a palavras inúmeras, pois é muito difícil de contabilizar. É muito importante, e estimulante encontrarmos estas situações no dia-a-dia, que geralmente não dão nas vistas, o que é uma boa marca, e não fazem as contas, o que também é uma boa marca”.

São pessoas que estão por convicção e devo sublinhar com uma entrega, pessoas que se reformam e que em vez de ficar em casa” se tornam visitadores de hospitais ou de prisões, de pessoas que vivem sós, e que de forma espontânea ou organizada. E “isto acontece constantemente”, acrescentou.

Para Manuel Clemente essa entrega “mostra que a proposta cristã não só tem uma atualidade permanente, mas agora reforçada, dadas as atuais circunstâncias”, dizendo que está “constantemente a alertar as instituições civis para terem em conta essa espontaneidade social, para que não se trabalhe ao lado, e que tudo isto conviva numa ação comum e mais capaz“.

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O prelado referiu também as diferentes instituições de cariz católico, centros sociais paroquiais ou as Misericórdias, que canonicamente são irmandades, e “a presença muito difundida de católicos em diversas instituições” laicas.

“Costumo dizer que, [esses católicos] são profissionais, mas isso não os dispensa de serem voluntários, pois vão muito além, em muitos casos, do que seria estritamente contratual, têm vontade de fazer o bem e a maneira como estão, mesmo sendo assalariados, é uma maneira que excede aquilo que ganham”.

Manuel Clemente chamou a atenção para instituições que não são católicas, mas geridas, maioritariamente, por católicos, e citou o Banco Alimentar Contra a Fome.

O cardeal defendeu uma “atitude humanitária, pois não seria cristão se fizesse o contrário”, e nesse sentido realçou que “o bem é o bem, e quem o faz, faz muito bem, e nós estamos com ele e ele connosco e estamos todos juntos”, mesmo que não seja católico ou professe outro credo religioso.

Refira-se que em fevereiro, na sua primeira catequese quaresmal, no Mosteiro dos Jerónimos, em Lisboa, Manuel Clemente, citando o papa Francisco, exortou os católicos a serem “ilhas de misericórdia no mar de indiferença” e a cumprir “o sonho missionário de chegar todos”.

Clemente frisou na altura que a Igreja de Lisboa está “em caminho sinodal para cumprir o sonho missionário de chegar a todos, tendo sublinhado: “sobretudo aos nossos concidadãos que mais precisam de ser sustentados e fortalecidos no corpo e no espírito”.