São 470 mil milhões de euros em investimento militar nesta década. O objetivo é fazer a Rússia chegar a 2020 com um poderio militar renovado simbolizado por um milhão de homens no ativo. São 400 mísseis balísticos intercontinentais, 600 aviões, 1.000 helicópteros, 28 submarinos (dos quais oito atómicos) e mais de 4300 tanques e outros veículos pesados. A contabilidade foi apresentada em 2011 pelo então responsável da Defesa, mas a maioria dos analistas esperava que a crise do petróleo e o recuo das finanças russas obrigasse o Kremlin a acalmar os esforços. Aoc ontrário, parece tê-los acicatá-los mais – só de 2o14 para 2015 o aumento foi de mais de 11 mil milhões.

Num discurso em 2013 no dia da Defesa da Pátria, Putin foi claro: “É prioridade absoluta da nossa política de estado garantir que temos uma força militar de confiança.” 46% dos russos defende esta atitude, como apurou uma sondagem do Levada Center. E o New York Times apresentou hoje um trabalho em que fica bem à mostra o aumento das atividades russas nos últimos dois anos.

Só na costa do Ártico, dentro da esfera imediata de influência russa, foram criadas ou reativadas 18 bases militares – visando reforçar o controlo sobre as rotas marítimas e os recursos de gás natural e petróleo na região. O Kremlin tem também promovido exercícios enormes que movimentam cem mil homens sem qualquer dificuldade para demonstrar o seu poderio em várias regiões do território russo. Ao mesmo tempo tem violado o espaço aéreo de diversos países, especialmente de membros da NATO, para testar e provocar a sua resposta – para além de ter em 2014 ter violado o espaço aéreo português, a aviação russa passou os últimos seis meses a provocar conflitos em várias nações europeias. No décimo, registado a 24 de novembro na Turquia, o avião foi abatido e o piloto morreu, elevando o conflito com a NATO a um novo nível.

Aliás, a principal razão avançada para estas demonstrações de força tem a ver com o reforço da NATO. É muito possível que a Suécia e a Finlândia decidam em 2016 aderir à Organização do Atlântico Norte, aproximando ainda mais o inimigo das cidades russas. Ao mesmo tempo, é importante notar que a Rússia tem vindo a tornar-se progressivamente impotente em termos de diplomacia económica, especialmente com a afirmação da China como potência global que retira espaço a qualquer outra alternativa ao ocidente.

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