Alguns administradores do Banif estão com as contas congeladas, uma situação que só se reverterá se provarem que não contribuíram para o colapso do banco, avança o semanário Sol. Muitos administradores já perderam milhares de euros em ações e obrigações, diz o mesmo jornal.

António Varela, atual administrador, é um desses casos. O antigo gestor do Banif já terá perdido 50 mil euros. Luís Amado, Jorge Tomé e Teresa Roque são outros dos nomes divulgados.

Quando o Banco Espírito Santo colapsou, os administradores do BES também viram as suas contas congeladas. E assim como aconteceu com o BES, o Banif foi dividido em banco bom e banco mau. O bom foi vendido ao banco Santander, por 150 milhões de euros. O mau terá um apoio público de cerca de 2.255 milhões para cobrir contingências futuras. Destes, 489 milhões de euros estão a cargo do Fundo de Resolução, e 1.766 milhões de euros chegam do Estado. A estes valores, adicionam-se mais 825 milhões de um total de 1100 milhões já injetados no banco, em 2013, pelo Estado. A Comissão Europeia diz que as ajudas do Estado não podem ultrapassar os três mil milhões.

Maria Luís Albuquerque recusou solução do Banif em Novembro

Já o jornal Expresso, escreve que o Banco de Portugal alertou o Ministério das Finanças, em novembro, para a necessidade de uma intervenção pública no Banif caso não fosse encontrada uma solução para substituir o capital do Estado que tinha sido injetado no banco em 2013.

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Carlos Costa fez o pedido a 17 de novembro, numa carta endereçada a Maria Luís Albuquerque. Mas a então ministra das Finanças não recebeu bem o pedido e respondeu de forma dura, contrariando qualquer solução para o banco que implicasse mais perdas para os contribuintes. De acordo com o Expresso, Maria Luís Albuquerque escreveu a Carlos Costa que a sua posição era também “partilhada por todo o governo” – a tal salvaguarda dos cidadãos.

A 24 de julho deste ano a Comissão Europeia abriu uma investigação à injeção de capital feita no Banif e, posteriormente, foi chumbado um novo plano de reestruturação em Bruxelas, em setembro. Daí que as soluções para o banco fossem cada vez menores.

Se a injeção de capital em 2013 fosse ilegal, o banco teria de devolver 825 milhões (700 milhões diretos e 125 milhões de empréstimo em obrigações convertíveis) e, para isso, arranjar algum investidor de imediato, algo que não conseguiu fazer em três anos, desde 2013. E esta, explica o Expresso, foi a razão para o pedido enviado pelo governador do Banco de Portugal à então ministra das Finanças.