O primeiro-ministro diz que Bruxelas autorizou a reestruturação do Banif sem a sua resolução, concentrando-se nas regiões e comunidades de emigrantes, e quer explicações do anterior Governo sobre o porquê desta solução não ter sido encarada. Em entrevista ao Jornal de Notícias, António Costa garante ainda que o Governo não tinha noção do que se passava com o Banif e que a solução encontrada não terá mais custos para os contribuintes.

Em outubro falou de surpresas desagradáveis que o anterior Governo estaria a esconder, mas não disse quais. Agora, diz que o Banif era uma das surpresas de que falava, mas garante que não teve “noção de que o caso tinha sido empurrado sem decisão”.

Depois de várias notícias a dar conta que Bruxelas sem quis a liquidação do banco, António Costa diz que na última proposta feita, a Comissão Europeia aceitou a reestruturação do banco, desde que este se concentrasse nas regiões e nas comunidades de imigrantes. A solução não avançou e agora o governante quer explicações.

“Alguém terá de explicar por que razão essa solução não foi encarada”, afirmou na entrevista publicada hoje.

Sobre a solução encontrada pelo seu Governo, que diz podia ter sido menos custosa e com outras condições se tivesse sido tomada há três anos, garante que não terá mais custos, porque estabeleceu um preço que “não fica dependente de riscos, nem de compradores futuros”.

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Sobre a supervisão, o primeiro-ministro diz que é necessário “revisitar as regras do sistema” mas recusa divergências com o governador do Banco de Portugal, recusando no entanto comentar se tem confiança em Carlos Costa (“o Banco de Portugal é uma entidade independente, não compete ao Governo fazer esse julgamento”), dizendo que esses sinais de divergência são análises da comunicação social: “é uma coincidência. O governador tem dito que há aperfeiçoamentos a fazer, para garantir que não haja confusão entre entidade reguladora e atividade regulada”.

Solução para o capital do Novo Banco conhecida em breve

António Costa avançou ainda que em breve o Banco de Portugal irá anunciar publicamente a solução para as deficiências de capital do Novo Banco e garantiu que não serão os contribuintes a pagar novamente.

“As necessidades de capital do Novo Banco não serão feitas à custa dos contribuintes. Brevemente, o Banco de Portugal dará nota pública da solução e verá que não será necessário recorrer ao fundo dos contribuintes”, afirmou o primeiro-ministro.

O governante não recusa estudar as propostas do PCP e do Bloco de Esquerda de manter o Novo Banco na esfera pública, mas diz que o importante era o Governo livrar-se da pressão temporal para a venda e que isso já conseguiu, com um adiamento do prazo de venda para agosto de 2017.

O governante disparou ainda contra a troika, que diz ter andado “excessivamente preocupada a procurar problemas no Estado, nas autarquias, nas freguesias e nas regiões, e bastante desatenta ao que acontecia no sistema financeiro.

TAP é para voltar para o Estado

“Um país como Portugal não se pode dar ao luxo de perder a sua companhia de bandeira. A questão não se centra na gestão da empresa, mas na garantia de que a maioria do capital é público. É a certeza de que a empresa continuará a existir. Nós só dizemos que 51% do capital vai voltar a ser da TAP”, afirmou.

Sobre as dificuldades da reversão do negócio e os custos envolvidos, António Costa recusa que assim seja porque o contrato não está fechado porque os reguladores ainda não se pronunciaram.

O primeiro-ministro deixa ainda duas questões sobre este dossiê: “como e quanto dinheiro já foi investido pelos privados na TAP? E qual dos privados investiu esse dinheiro na TAP?”.

Reestruturação da dívida?

Não falou sobre o tema e continua sem uma posição definida sobre o tema. “Se e quando a questão se colocar, estaremos preparados para participar nessa discussão”.

Sobre a participação no euro, não deixa margem para dúvidas. O euro pode não ter gerado prosperidade para os povos, como era sua intenção, mas a saída “seria trágica para famílias e empresas”.