Jeremy Corbyn não vive dias fáceis na liderança da oposição britânica. Depois de enfrentar várias críticas internas, o líder do Partido Trabalhista resolveu avançar para uma remodelação no seu “governo-sombra” afastando aqueles que demonstraram “deslealdade”.
Ora foi exatamente isso que aconteceu com o “ministro-sombra” para a Europa, Pat McFadden, que foi afastado acusado de “grave deslealdade” por ter criticado, tal como os conservadores, a sugestão de Corbyn de que os atentados de Paris deveram-se à intervenção militar do Ocidente, conta o Telegraph. O mesmo aconteceu com Michael Dugher, responsável pela pasta da Cultura. Estes afastamentos provocaram uma série de demissões na equipa trabalhista.
Ao todo, foram três os elementos que se demitiram dos seus cargos em protesto contra a remodelação “vingativa” de Jeremy Corbyn. Stephen Doughty, por exemplo, anunciou que deixaria o lugar durante uma entrevista à BBC onde acusou a equipa de Corbyn de conduzir “algumas operações extremamente desagradáveis” contra si e outros membros moderados do partido.
Sobre a situação de Pat McFadden, Doughty refere que Corbyn e o seu staff “mentiram” ao afirmar que tinha sido afastado por “deslealdade” em vez de ter sido pelas suas opiniões sobre o terrorismo. Mais do que isso Doughty afirmou também que “quando um individuo como o Pat é apontado pelos seus comentários sobre essas questões (segurança nacional), é matéria de consciência para mim, dado que eu diria exatamente as mesmas coisas”.
Antes disto, também Kervan Jones, porta-voz para as Forças Armadas, e o deputado Jonathan Reynolds se demitiram em protesto contra a estratégia de Corbyn.
O que despoletou a demissão de Jones nem foi o afastamento de ninguém. Tudo começou durante o debate sobre a intervenção militar do Reino Unido na Síria, onde o porta-voz para os Negócios Estrangeiros da oposição, Hillary Benn, defendeu, através de um polémico e mediático discurso, e em frente a Jeremy Corbyn, os ataques aéreos britânicos, contrariando a posição do líder trabalhista. Por isso, e evitando o seu afastamento (o que provavelmente provocaria uma revolta ainda maior no seio do partido), a partir de agora Benn terá de falar a partir das bancadas reservadas aos deputados sem funções de liderança. Ou seja, lá mais atrás e não à frente de Jeremy Corbyn com já aconteceu. Confrontado com esta situação Kervan Jones resolveu demitir-se.