O número recorde de casos de dengue e a crescente circulação dos vírus Zika e Chikungunya no Brasil em 2015 representam um risco para os turistas que queiram assistir aos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro, em agosto.

Especialistas consultados pela Lusa afirmaram que a possibilidade de contaminação durante os Jogos é real, embora acreditem que as medidas adotadas pelo governo para combater o ‘aedes aegypti’, mosquito que transmite as três doenças, devem diminuir a incidência dos casos.

Para Valcler Rangel, vice-presidente de Meio Ambiente da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), não é possível prever a situação epidemiológica do país em agosto.

“Sabermos que no inverno o ‘aedes aegypti’ se reproduz menos, mas é preciso aumentar a mobilização popular e melhorar o monitoramento dos índices de infetados por dengue, Zika e Chikungunya, dos focos de larvas e mosquitos, para combater essas doenças de modo efetivo”, acrescentou aquele responsável da Fiocruz, a mais destacada instituição de ciência e tecnologia em saúde da América Latina e vinculada ao Ministério da Saúde brasileiro.

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Rosana Richtmann, médica e membro da Sociedade Brasileira de Infectologia, recordou que no Brasil, como em outros países tropicais, as infeções podem acontecer em qualquer época do ano.

A médica aconselhou os turistas a consultarem a situação das epidemias no Brasil antes de viajar, a munirem-se de repelente, e a optar por vestuário como calças e blusas de manga comprida, evitando a exposição dos pés e o uso de perfume, que atrai o mosquito transmissor.

Falando sobre as medidas de combate às doenças associadas ao ‘aedes aegypti’, o subsecretário de Vigilância em Saúde do Rio de Janeiro, Alexandre Chieppe, disse à Lusa que o governo tem um Gabinete de Crise no Centro de Comando do Rio.

O governo lançou uma campanha de sensibilização denominada “10 minutos salvam vidas”, e informou que vai mobilizar as 92 prefeituras do Estado para fazer a varredura de todos os domicílios cariocas nos próximos 60 dias.

“A probabilidade de uma grande circulação de dengue em 2016 é baixa. A nossa maior preocupação são os vírus Zika e Chikungunya. No caso do Zika estamos muito atentos porque sabemos do risco de microcefalia associado à gestação”, afirma.

Sobre o atendimento médico dedicado aos turistas durante as Olimpíadas, o subsecretário citou a existência de um plano de contingência em fase de finalização, que prevê o aumento do número de profissionais nas unidades de saúde.

Chieppe contou que haverá uma mobilização de centros de referência para atendimento fora das instalações olímpicas, entre eles o Hospital Souza Aguiar e a Unidade de Pronto Atendimento (UPA) da Tijuca, que ficam próximos do estádio do Maracanã. Na zona sul, o Hospital Miguel Couto será a unidade de referência.

Dados da Superintendência de Vigilância Epidemiológica e Ambiental da Secretaria de Estado de Saúde revelam que foram notificados 69.516 casos suspeitos de dengue no Estado do Rio de Janeiro ao longo de 2015.

Em 2014, foram notificados 7.819 casos suspeitos de dengue no Estado, o que quer dizer que de um ano para outro se verificou um aumento de 889%.

Em todo o Brasil, a epidemia de dengue totalizou 1,59 milhões de casos confirmados até 05 de dezembro de 2015, segundo o Ministério da Saúde.

O governo brasileiro ainda não divulgou os números exatos sobre a Chikungunya e o Zika, mas classificou as epidemias como sendo graves.

A Chikungunya teve mais de 17 mil casos suspeitos e a circulação do Zika foi confirmada em 18 Estados.