O secretário-geral da UGT, Carlos Silva, disse “não ter medo do estereótipo de que a central sindical “é amiga dos patrões”, numa altura em que admite assinar acordo na Concertação Social sobre o salário mínimo nacional.

Em entrevista publicada hoje no jornal i, Carlos Silva faz um balanço sobre os seus três anos à frente da UGT, destacando o seu papel importante como parceiro social e afirmando também “não ter receio do estereótipo da central amiga” dos patrões.

“Nós até temos vários estereótipos. Não tenho medo, nem desse, nem de outros estereótipos. Como o de ser muleta dos governos. Veja-se que se não for a UGT não há acordo de subida do salário mínimo nacional e de descida da Taxa Social Única. Somos muletas do PS? Nós seremos sempre muletas daqueles que servirem os interesses dos trabalhadores. Esse estereótipo está cansado, portanto é o cansaço dos incompetentes”, frisou.

O secretário-geral da UGT destacou que a “UGT é o único parceiro social sindical que até hoje assinou todos os acordos de concertação” e que a ” assinatura do salário mínimo vem ao encontro da proposta da UGT”.

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Na entrevista ao jornal i, o dirigente sindical referiu também que as duas tendências na UGT — socialista e social-democrata – não estão de costas voltadas. “Uma coisa são os partidos políticos, outra são as tendências político-sindicais afetas ao PS e ao PSD e estas nunca estiveram de costas voltadas, coisa quase extraordinária”, indicou.

O secretário-geral da UGT elogiou o primeiro-ministro, António Costa, salientando que o programa do Governo vem ao encontro das revindicações da central. “Este Governo, que, por acaso, tem um primeiro-ministro que é meu camarada — e isso deixa-me mais tranquilo — tem ido ao encontro das exigências da UGT. Enquanto isso acontecer, António Costa terá o meu apoio”, declarou.

Apesar dos elogios a António Costa, Carlos Silva afirmou manter as críticas sobre a forma como o agora primeiro-ministro ascendeu ao poder no PS, enfrentando António José Seguro depois das eleições europeias.

Na entrevista foi também abordada a amizade de Carlos Silva com o antigo primeiro-ministro José Sócrates, com o secretário-geral da UGT a visitá-lo em prisão domiciliária e a participar num almoço de apoio. “Sou muito acusado de pensar pela minha própria cabeça e por isso tenho inimigos de estimação. (…). Eu estou com quem quiser e mesmo que cometessem alguma ilegalidade, se eu entendesse que devia defendê-los — como farei com o doutor Ricardo Salgado — é uma decisão minha e ninguém tem nada a ver com isso”, afirmou.

Sobre os candidatos às eleições presidenciais, Carlos Silva disse que continua a apoiar Sampaio da Nóvoa, que considera poder vir a dar um “bom Presidente, tal como Maria de Belém”.

No que diz respeito a uma eventual candidatura à central em 2017, Carlos Silva disse que “há momentos para tudo”. “Tenho ainda alguns desafios para resolver. Julgo que no final do primeiro semestre haverá decisões. Eu preferia não ser candidato, mas uma coisa é a minha preferência e outra coisa é a realidade e eu não viro costas à luta. O país está a enfrentar um novo quadro político e há condições para o país começar a crescer. Não temos dúzias de secretários-gerais para escolher”, concluiu.