O Ministério Público de São Paulo está a investigar se Lula da Silva ocultou a posse de um apartamento triplex em Guarujá, no litoral de São Paulo, que terá sido cedido à sua família pela construtora OAS, investigada na Operação Lava Jato. A informação foi publicada este sábado pelo jornal Estadão. Segundo a publicação, a construtora OAS também terá gasto cerca de 87 mil euros para mobilar o apartamento, localizado no edifício Solaris.

Como explica o site G1, a defesa do ex-presidente argumentou que Lula da Silva nunca foi dono do apartamento, apenas proprietário de quotas de um projeto da Bancoop, uma cooperativa pertencente ao Sindicato dos Bancários de São Paulo. A cooperativa tornou-se insolvente e terá transferido imóveis para a construtora OAS. Marisa Letícia, esposa de Lula da Silva, terá adquirido a quota do apartamento.

Em entrevista à TV Globo citada pelo G1, o promotor de Justiça José Carlos Blat contestou essa versão ao afirmar que na Bancoop não existem quotas.

A Bancoop não é um consórcio. A Bancoop oferecia unidades habitacionais. Todos, sem exceção, compraram apartamentos ou casas e, ao longo do tempo, pagaram as prestações devidas à Bancoop, que atribuiu uma sobrevalorização indevida, ilegal. Então, todas as pessoas que compraram à Bancoop compraram coisas concretas, ou seja, unidades habitacionais, apartamentos e casas. Não existem quotas da Bancoop”, defendeu.

O Ministério Público de São Paulo descreve na investigação que a Bancoop não conseguiu finalizar 15 emprendimentos e teve uma série de problemas com outros 25, resultando em seis mil pessoas prejudicadas. Este dinheiro, alegadamente, terá sido desviado para financiar campanhas eleitorais do PT, partido de Lula da Silva. Segundo o ministério, o presidente da cooperativa era João Vaccari Neto, ex-tesoureiro do partido, atualmente preso depois de ter sido condenado no processo da Lava Jato.

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A Bancoop informou que a transferência de empreeendimentos “foi resultado de um acordo com o Ministério Público e que já não tem qualquer relação com esses empreendimentos”, diz, segundo uma citação do G1.

A assessoria de imprensa do Instituto Lula negou este sábado em comunicado de imprensa que o ex-presidente ou os seus familiares sejam proprietários do apartamento triplex, mas que eram proprietários de quotas num projeto da Bancoop. O texto, que contém uma cópia do contrato assinado com a cooperativa, afirma que a família do ex-presidente investiu cerca de 41 mil euros na compra da quota e que esta foi declarada à Receita Federal do Brasil e ao Tribunal Superior Eleitoral.

O comunicado diz, ainda, que quando o empreendimento mudou de nome para Solaris, após a OAS assumir a construção do prédio, Marisa Letícia deixou de receber notas de cobrança da Bancoop e não aderiu ao contrato com a nova empresa.

O Instituto Lula confirmou que Lula da Silva e a sua esposa visitaram o imóvel uma vez, ao lado do então presidente da OAS, Léo Pinheiro, atualmente preso após condenação do Operação Lava Jato. Segundo relata o G1, esta versão diverge de duas testemunhas ouvidas pelo Ministério Público que afirmaram ter visto Lula duas vezes no local.

O comunicado do instituto assegura que a operação tem como objetivo “criar um escândalo a partir de invencionices” e acusa os adversários políticos e a oposição de serem os responsáveis pela “campanha”.

A mesquinhez dessa ‘denúncia’, que restará sepultada nos autos e perante a História, é o final inglório da maior campanha de perseguição que já se fez a um líder político neste país. Sem ideias, sem propostas, sem rumo, a oposição acabou no Guarujá. Na mesma praia expõem-se ao ridículo uma imprensa facciosa e seus agentes públicos partidarizados”, garantiu o instituto.

Lula da Silva e Marisa Letícia foram chamados para depor no Ministério Público de São Paulo a 17 de fevereiro.