A Ordem dos Médicos Dentistas entregou na terça-feira ao Governo uma proposta para a colocação daqueles profissionais nos centros de saúde, adiantou à agência Lusa o bastonário Orlando Monteiro da Silva.
“A proposta, que cumpre os requisitos que foram comunicados pelo Ministério da Saúde, vai ser levada a cabo de forma faseada, através de experiências piloto em vários centros de saúde do país, com médicos dentistas a exercer nas instalações do Serviço Nacional de Saúde, nos cuidados de saúde primários em regime de contratualização ou avença”, adiantou à Lusa o bastonário.
Orlando Monteiro da Silva, que falava na sequência da entrega da proposta ao Ministério da Saúde, noticiada hoje pelo Diário de Notícias, esclareceu que os cuidados vão ser orientados numa primeira fase para prestar cuidados básicos de medicina dentária a uma população economicamente desfavorecida e portadora de doenças crónicas como o cancro, a diabetes ou doenças cardiovasculares.
“Outra condição foi a de esta inserção não se sobrepor à cobertura já prestada pela rede clínica e consultórios privados, no âmbito do programa do cheque-dentista, que vai permanecer tal como está e que recebe faixas da população muito importantes”, revelou, salientando que o projeto tem de levar e conta as restrições orçamentais.
Questionado sobre quantos médicos vão ser precisos para levar a cabo o projeto, Orlando Monteiro da Silva disse que o número vai ser calculado mais tarde em função dos centros de saúde que vierem a revelar-se operacionais para o efeito, estejam equipados ou possam ser adaptados para a consulta.
“A Ordem e a Direção-Geral das Saúde efetuaram já visitas aos locais, aos centros de saúde do país. Foi feito um levantamento do que existe para posteriormente se poder chegar à seleção dos centros e ao número de médicos que seja adequado”, disse.
Relativamente às expectativas quanto ao projeto-piloto, anunciado pelo secretário de Estado Adjunto e da Saúde, Fernando Araújo, em dezembro, que pretendia integrar médicos dentistas em centros de saúde e unidades de saúde familiar, o bastonário disse que são realistas e moderadas.
“A concretizar-se esta ideia do governo, é um passo enorme: fazer com que grande parte da nossa população, que não tem acesso ao dentista, possa vir a tê-lo, mesmo que seja de forma gradual”, sublinhou.
No entender de Orlando Monteiro da Silva, é “terceiro-mundista um país que não proporciona aos seus cidadãos do seu sistema de saúde acesso aos cuidados de saúde oral”.
“Vamos ver se se concretiza ou não, estamos a fazer todos os esforços para assegurar que vá a bom porto, mas agora depende do Governo, do Ministério da Saúde que o projeto se possa concretizar”, concluiu.
O secretário de Estado Adjunto e da Saúde, Fernando Araújo, anunciou em setembro que pretendia integrar médicos dentistas em centros de saúde e unidades de saúde familiar.
De acordo com o Diário de Notícias de hoje, nos centros de saúde trabalham cerca de 20 dentistas, ou seja, um para cada milhão de utentes.
O jornal adianta também que dos 20 médicos dentistas a trabalhar para o Serviço Nacional de Saúde, a maioria está na região de Lisboa e Vale do Tejo, seis no agrupamento de centros de saúde transmontano, dois na zona centro e um no Algarve.