O porta-voz da Conferência Episcopal, Manuel Barbosa, considerou “uma afronta aos crentes” o uso de uma imagem de Jesus Cristo numa campanha do Bloco de Esquerda em defesa da adoção por casais homossexuais.

De acordo com a imprensa de hoje, o BE vai colocar nas ruas um cartaz com a imagem de Jesus Cristo no qual se lê “Jesus também tinha 2 pais” e que pretende assinalar a data de 10 de fevereiro de 2016, dia em que o parlamento confirmou as leis vetadas no final de janeiro pelo Presidente da República, Cavaco Silva, sobre a adoção por casais homossexuais e as alterações à lei da Interrupção Voluntária da Gravidez.

Em declarações hoje à agência Lusa, Manuel Barbosa disse que o cartaz “afronta os crentes que seguem Jesus Cristo e os que são da igreja, naturalmente”.

“Deve haver respeito pela liberdade de expressão. Sabemos que esse respeito deve ser sempre um respeito mútuo. A liberdade implica sempre relação e corresponsabilidade e, este respeito mútuo, não sei se estará presente no anúncio deste cartaz”, sublinhou.

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No entender do porta-voz da Conferência Episcopal Portuguesa, o cartaz do BE é “uma analogia sem sentido”.

“Essa dos pais espirituais é abusiva. Penso que há um certo aproveitamento, num período em que na igreja se está a viver um tempo forte de Quaresma, depois a Páscoa e o Ano da Misericórdia. Não sei se é coincidência ou se é propositado”, argumentou.

Manuel Barbosa disse que o cartaz “vale o que vale”, realçando que “há coisas mais importantes”.

“É de lamentar que não se tenha em atenção as convicções de quem segue Jesus Cristo, mesmo que este cartaz já tenha sido feito noutros países. É uma cópia de muito mau gosto”, sustentou.

O responsável disse ainda esperar que o cartaz “não seja motivo para desviar a atenção em relação aos problemas da vida das pessoas”.

De acordo com o jornal Público de hoje, o cartaz “é apenas uma das peças de uma campanha do BE que inclui ainda um ‘outdoor’, no qual se lê a palavra ‘Igualdade’, acompanhada de desenhos que representam diferentes tipos de famílias”.

O Público avança também que haverá ainda autocolantes e uma sessão pública para discutir o tema.

A deputada do BE, Sandra Cunha, disse ao Público que a ideia do cartaz com a imagem de Jesus Cristo não pretende ofender nem a igreja nem a religião, tratando-se apenas de “mostrar às pessoas que sempre existiram famílias diferentes e que essa não é uma realidade nova nem recente.

“Os dois pais a que se refere o cartaz são, segundo a deputada, “o pai espiritual e o pai terreno de Jesus Cristo”.

A Agência Lusa tentou contactar vários responsáveis do Bloco de Esquerda mas, até ao momento, não foi possível.