“O ano tem 365 dias, exceto os anos bissextos que têm 366.” Certamente que também repetiu esta frase vezes sem conta na escola primária. Mas sabe por que existem anos bissextos? Ou que dia seria hoje se estes não existissem?
O problema do dia 29 de fevereiro é maior do que ter aniversariantes que não sabem bem em que dia hão de festejar o próprio nascimento. Segundo o jornal norte-americano Los Angeles Times, se nunca tivéssemos usado anos bissextos estaríamos, neste momento, a 15 de julho de 2017. Já se imaginou em “pleno verão” com temperaturas negativas?
O problema é que embora o calendário gregoriano (aquele que usamos), baseado no calendário solar, conte com 365 dias, a Terra demora um pouco mais do que isso a dar a volta ao Sol – 365 dias, cinco horas, 48 minutos e 46 segundos para ser mais preciso. Ora, se não se fizer um acerto de tempos a tempos, chegamos ao ponto em que as estações já nem sequer batem com os meses. E não seria a primeira vez na história da humanidade.
Os romanos seguiram os ciclos lunares – de 29,5 dias cada – durante muito tempo, o que resultava em 355 dias por ano. Com menos dez dias em cada ano, é fácil perceber em que estado estava o calendário ao fim de umas dezenas de anos. Júlio César, inspirado pela sabedoria egípcia, resolveu o problema. Ou achou que sim. No ano 46 a.C. introduziu 80 dias para acertar as contas e implementou o ano bissexto. Mas a forma como o fez acabou por resultar em 10 dias a mais em meados da década de 1570.
Em 1582, o Papa Gregório XIII – aquele que deu o nome ao calendário que usamos – recomendou que se retirassem os 10 dias a mais e criou um novo calendário. O Papa estabeleceu também que se passasse a usar um dia a mais nos anos divisíveis por quatro, se não fossem divisíveis por 100 (exceto quando divisíveis por 400). Simplificando, 2000 foi ano bissexto, mas 1700, 1800 e 1900, não. E 2100 também não será.
Os países católicos adotaram, naturalmente, o calendário do Papa, mas os protestantes suspeitaram das orientações de Roma, acabando por só aceitar o calendário gregoriano em 1775 – quase 200 anos depois. Ainda assim, o calendário gregoriano não é perfeito: neste momento já levamos três horas de avanço, segundo o LA Times.