A Ongoing Strategy Investments, uma das principais holdings do grupo criado por Nuno Vasconcellos, avançou com um processo especial de revitalização, tendo já sido nomeado um administrador judicial provisório.
De acordo com o anúncio divulgado no portal Citius, com a nomeação do gestor pelo tribunal o devedor fica impedido de praticar atos de especial relevo sem a autorização do gestor judicial, nos termos do Código de Insolvência e Recuperação de Empresas, e tem de prestar toda a informação ao novo administrador.
O processo foi colocado em coordenação com um dos credores do grupo que controla o Diário Económico, a sociedade de advogados Valadas Coriel e Associados. Contactado pelo Observador, João Valadas Coriel, partner desta sociedade, confirmou ao Observador que participou no pedido feito pela Ongoing ao abrigo do PER (Programa Especial de Recuperação) de empresas. É preciso um credor para dar início a este processo, que já era esperado desde o ano passado, face à degradação da situação na Ongoing.
Perante as dificuldades financeiras conhecidas do grupo, ” a forma mais correta de recuperar uma parte das perdas era participar no processo especial de recuperação”, afirma João Valadas Coriel. O responsável explica que o recurso ao PER permite recuperar os pagamentos já cobrados em impostos, IVA e IRC, pelo Fisco, por conta de receitas e lucros que não chegaram a entrar, porque a Ongoing não pagou os valores de faturação devidos.
Com o recurso ao PER, outros credores da Ongoing irão reclamar créditos, num prazo de 20 dias a partir desta quarta-feira, e será apresentado um plano de revitalização. Se este plano não for aprovado, a sociedade é declarada insolvente e o património é executado para pagar aos credores. Os bancos BCP e Novo Banco foram no passado apontados como os maiores credores bancários da Ongoing, tendo já executado algumas das garantias dadas em troca do financiamento.
Uma das principais garantias dadas eram as ações da antiga PT SGPS, atual Pharol, onde a Ongoing deixou de ter participação qualificada já este ano, depois de ter sido um dos principais acionistas com 10% do capital, e apoiante do processo de fusão com a brasileira Oi. A Ongoing também votou a favor da venda da PT Portugal pela Oi aos franceses da Altice na assembleia geral realizada há pouco mais de um ano.
Na semana passada, já tinha sido notícia o cenário de insolvência da empresa detentora do Diário Económico, a S.T.& S.F, na sequência do agravamento da situação financeira e da falta de resultados do processo de venda do título que foi lançado no ano passado e que estava a ser coordenado pelo Haitong, antigo Banco Espírito Santo Investimento.
Confrontados com a opção da insolvência, colocada em cima da mesa pela administração da empresa, os trabalhadores do Diário Económico, em comunicado, “reafirmaram a sua intenção de levar a cabo o projeto em todas as suas valências – jornal, televisão e online (…) e decidiram assumir a continuidade do projeto e a viabilidade da marca já que acreditam que esta tem condições para voltar a prosperar e a contribuir de forma decisiva para o pluralismo da sociedade portuguesa”.
Para além do Diário Económico e da participação que deteve na antiga Portugal Telecom, a Ongoing desenvolveu também operações no Brasil, designadamente na área dos media e das tecnologias.