Não há duas sem três. Pelo menos para Diogo Miranda que, pela terceira vez consecutiva, fez parte do calendário da semana de moda mais importante do mundo. Um dia depois de Luís Buchinho apresentar a sua nova coleção na Université Paris Decartes, a moda portuguesa voltou a provar que está bem representada na capital parisiense e não só porque Sara Sampaio abriu o desfile de Elie Saab. Eram cerca de 13h30 quando o criador Diogo Miranda ocupou a Galerie Mansar da Biblioteca Nacional Francesa e contou uma história a preto e branco (mais uma vez) inspirada na arquitetura.

“Estava à procura de peças de mobiliário quando descobri o trabalho do arquiteto Josef Hoffmann que quase só usa preto e branco”, diz o designer de moda ao Observador. “São sofás e mesas muito antigas mas hoje olho para elas e vejo peças tão contemporâneas que não resisti.” Para além de “ter ficado com vontade de comprar todas as peças”, Diogo Miranda ainda criou uma coleção sem cores — à exceção do marfim e azul riviera — com vestidos direitos, casacos largos e blusas com mangas sobredimensionadas. Os cintos em forma de laço, usados em quase todas as peças, servem para dar um toque feminino às propostas.

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“Esta mulher Diogo Miranda é diferente porque vai evoluído à medida que eu vou evoluindo”, conta Diogo Miranda. “É muito mais segura e forte porque não precisa de um final feliz na vida dela.” Daí ser uma coleção muito mais dramática em tons de preto e branco onde nem a própria passerelle ganhou cor. Só as únicas quatro peças em azul riviera é que são a exceção à regra por serem inspiradas numa cadeira veludo azul do designer de produto Joseff Hoffmann.

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“O meu objetivo é trabalhar as linhas arquitetónicas mas sempre com um toque feminino. A coleção começa com os pretos e brancos mas depois vêm as riscas, tecidos como pied-de-poule e texturas com relevo” — algo nada habitual na mulher monocromática do estilista portuense que, desta vez, está mais confiante mesmo com um slip dress em seda e um casaco oversized a preto e branco.

Da edição nacional ao roteiro internacional

O desfile de Diogo Miranda encerra assim o roteiro europeu do Portugal Fashion que termina na Paris Fashion Week. Depois de passar por Londres, Milão e pela Cidade Luz, o evento organizado pela ANJE regressa às cidades de Lisboa e Porto para a edição nacional que vai decorrer de 16 a 19 de março com algumas novidades no programa do evento. “Não se pense porém que o plano de ação internacional do Portugal Fashion fica por aqui. A Europa, além de congregar as três principais semanas de moda do mundo, é o nosso mercado natural”, diz o presidente da ANJE, João Rafael Koehler.

“Mas continuamos a trabalhar no sentido de fortalecer também a nossa presença em outros continentes.” O Portugal Fashion pretende assim integrar um novo mercado no calendário regular de apresentações internacionais fora do roteiro europeu e, quem sabe, voltar à tão aclamada semana de moda de Nova Iorque já na próxima estação.

O Observador viajou para Paris a convite do Portugal Fashion.