O secretário-geral da Organização das Nações Unidas, Ban Ki-moon, transmitiu, esta segunda-feira, a Marrocos a sua “profunda deceção e indignação” relativamente ao protesto convocado no domingo em Rabat, que considerou um “ataque” contra a sua pessoa.

A posição foi manifestada por Ban Ki-moon durante uma reunião, esta segunda-feira, com o ministro dos Negócios Estrangeiros marroquino, Salahedin Mezuar, na qual foram discutidos temas relacionados com o conflito do Saara Ocidental.

Dezenas de milhares de pessoas manifestaram-se, este domingo, na capital de Marrocos, contra a “falta de neutralidade” do secretário-geral da ONU sobre o conflito do Saara Ocidental.

Um comunicado oficial da ONU informa que durante a reunião de segunda-feira, Ban transmitiu a Mezuar que atos como o protesto realizado em Rabat, que qualificou como um “ataque” contra a sua pessoa, “são uma falta de respeito para consigo e para com as Nações Unidas”.

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Ban “expressou a sua profunda deceção e indignação relativamente à manifestação” e também deu a conhecer o seu “assombro” face a um comunicado anterior emitido pelo Governo marroquino.

Nessa nota oficial, o Governo de Rabat criticou o secretário-geral da ONU por se ter “afastado da sua neutralidade, objetividade e imparcialidade, assumindo abertamente uma indulgência culpada com um Estado fantoche desprovido de atributos”, acusando-o assim de tomar partido em favor da Frente Polisário.

O Saara Ocidental é uma antiga colónia espanhola controlada por Marrocos, país que anexou o território em 1975 e que mantém uma disputa pelo mesmo com a Frente Polisário, o exército dos independentistas.

Na mesma reunião, Ban pediu a Mezuar “um esclarecimento sobre a presumível presença de vários membros do Governo de Marrocos entre os manifestantes” de domingo, instando-o ainda a garantir que “a ONU goza de respeito em Marrocos”.

Contudo, o secretário-geral tomou nota do “mal-entendido” que pode ter-se criado por ter utilizado a palavra “ocupação” ao referir-se à presença de Marrocos no território sarauí.

Segundo o comunicado da reunião, Ban reiterou o seu apelo para “negociações sérias e verdadeiras, sem condições”, a fim de se avançar para o fim do conflito.

Ban vai apresentar no início do próximo mês ao Conselho de Segurança da ONU o seu relatório anual sobre a situação no Sahara Ocidental, aguardado com expectativa após o apelo que lançou em novembro para uma retoma das negociações após anos de bloqueio.