Se está num sítio público e surge a vontade de ir a casa de banho, a maioria das pessoas levanta-se e desloca-se sem passar muito no ato. A escolha da porta onde entrar é automática. Mas para quem é transgénero, essa decisão não é assim tão simples.
O governador da Carolina do Norte, nos Estados Unidos, assinou esta semana um projeto de lei para obrigar as quase 40 mil pessoas transgénero a escolher a casa de banho de acordo com o género atribuído à nascença. Ou seja, uma mulher transgénero terá de escolher a casa de banho masculina por ter nascido como rapaz, apesar de se identificar com o género oposto.
As pessoas transgénero podem ou não fazer transformações no corpo. O que conta é a identidade, ou seja, o que sentem que são. Mesmo que o aspeto físico não bata certo. A lei aprovada por Pat McCrory tem em vista evitar os “conflitos de imagem”, ou seja, evitar ver uma mulher transgénero com traços masculinos na casa de banho das mulheres.
A aprovação do projeto de lei motivou críticas de várias associações. “Estou muito preocupada com as pessoas transgénero, em especial com as crianças transgénero na Carolina do Norte que vão começar a temer ser presas ou punidas por simplesmente usarem a casa de banho que se adequa ao género com que se identificam”, disse Mara Keisling, responsável do Centro Nacional para a Igualdade das pessoas Transgénero. “Basicamente, esta lei faz com que seja ilegal ser transgénero”, remata, refere a Quartz.
Os defensores desta lei dizem temer que os homens se disfarcem de mulheres para poderem circular tranquilamente na casa de banho feminina e abusar sexualmente de mulheres. Daí que, para eles, o melhor é assegurar que a aparência é 100% transparente. De acordo com um inquérito realizado pelo Williams Institute, em 2013, quase 70% dos transgénero entrevistados em Washington DC tiveram uma “experiência negativa” em casas de banho. Uns foram proibidos de entrar, outros foram assediados sexualmente.
Várias empresas, como a American Airlines e a Wells Fargo, consideraram a lei “discriminatória”, escreve o Washington Post, e vários ativistas estão em campanha para boicotar a lei. A Carolina do Norte é o primeiro estado dos EUA a proibir as pessoas transgénero de usarem a casa de banho de acordo com o género com que se identificam.
Entretanto, nas redes sociais, há quem vá manifestado a sua opinião:
Does it look like she belongs in the men's restroom? #occupotty #wejustneedtopee #translivesmatter pic.twitter.com/o2dPow7S6c
— Jo Gacek (@JoGacek) March 17, 2015
Don't force me in to the women's facilities. #wejustneedtopee #translivesmatter pic.twitter.com/4ZC1NxIoeB
— Jace Turner (@HeartFeltVoice) March 17, 2015