A Comissão de Trabalhadores da Oitante reuniu-se no Ministério das Finanças e defendeu que a estrutura desta empresa que ficou com ativos do Banif pode ser usada para recuperar os créditos malparados dos bancos portugueses caso a ideia do Governo avance.

“O veículo de que se fala está criado, é a Oitante, e tem no seu quadro de pessoal capacidade para receber ativos de outros bancos e poder rentabilizá-los”, disse o presidente da Comissão de Trabalhadores da Oitante, Pedro Madeira, à Lusa, depois do encontro desta manhã com dois adjuntos do Secretário de Estado das Finanças.

Nos últimos dias tem sido muito falada a criação de um mecanismo para ‘limpar’ do balanço dos bancos o crédito vencido ou com baixas rentabilidades (o chamado ‘banco mau’), isto depois de o primeiro-ministro, António Costa, ter defendido que é “útil para o país encontrar um veículo de resolução do crédito malparado de forma a libertar o sistema financeiro de um ónus que dificulta” o financiamento da economia.

Em fevereiro, os bancos portugueses tinham quase 18.000 milhões de euros em crédito vencido.

Ainda no encontro de hoje nas Finanças, a Comissão de Trabalhadores da Oitante sublinhou a discriminação que diz que estão a ser sujeitos os cerca de 400 funcionários que eram do Banif e que foram transferidos para esta empresa aquando da resolução do banco, uma vez que sendo o objetivo da Oitante vender os ativos com que ficou da instituição financeira, quando esse processo estiver concluído, os postos de trabalho estão todos em causa.

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“Defendemos a integração [destes trabalhadores] no Banco de Portugal, na Caixa Geral de Depósitos ou noutras empresas financeiras do Estado, como o banco de fomento, que só tem administração e não tem trabalhadores no seu quadro”, afirmou o presidente da estrutura que representa os trabalhadores, isto além da já falada solução de a Oitante ficar como ‘banco mau’ que irá recuperar créditos problemáticos de outras instituições financeiras.

“Acho que passamos a mensagem. Fomos bem recebidos e foram sensíveis”, acrescentou o responsável.

A sociedade-veículo Oitante foi criada pelo Banco de Portugal em dezembro, no âmbito da resolução do Banif, tendo sido para aí transferidos os ativos que o Santander Totta não quis comprar.

Esta empresa ficou ainda com os mais de 400 trabalhadores do Banif que pertenciam aos serviços centrais, enquanto o Santander Totta absorveu cerca de 1.100 funcionários, sobretudo ligados à rede comercial.

Depois da reunião de hoje no Ministério das Finanças, esta sexta-feira é a vez de a Comissão de Trabalhadores da Oitante se reunir com responsáveis da administração do Santander Totta.