É um nome inevitável da economia e política nas últimas largas décadas. João Salgueiro foi vice-governador do Banco de Portugal no pós-25 de abril, Ministro das Finanças entre 1981 e 1982, administrador da Caixa Geral de Depósitos e Associação Portuguesa de Bancos depois. Hoje, João Salgueiro é um dos rostos e das vozes mais presentes e ativas do novo Manifesto sobre a Banca, ao lado de Manuela Ferreira Leite, Freitas do Amaral e outra meia centena de personalidades.

Esta quinta-feira, em entrevista à Antena 1, João Salgueiro aborda os temas da atualidade política e económica nacional. E não é brando nas críticas. A propósito do Caso Banif, Salgueiro considera que o Governo liderado por António Costa deveria ter interrompido as negociações. E afirma: “A negociação devia ter sido feita com muito mais dureza. Havia pretexto para interromper a negociação!”. Mas não é só Costa que Salgueiro critica, acusando o anterior executivo de Passos Coelho de ter sido “muito dócil em relação a Bruxelas” no caso Banif.

De uma coisa João Salgueiro não tem dúvidas: a forma como Portugal está a gerir a questão da banca põe em causa a independência nacional. “Se acomodamos tudo, e se nos subordinamos a tudo o que vem de fora, ponham a independência nacional de fora”, disse o ex-ministro das Finanças na entrevista a Maria Flor Pedroso, a emitir às 10 da manhã desta quinta-feira.

Quanto a uma solução para o Novo Banco, Salgueiro propõe a criação de um estudo. “Tem de ser um grupo independente a publicar as alternativas que há”. E acrescenta: “O problema é suficientemente importante, já não temos muitos bancos portugueses para estarem a ser desbaratados por urgências que não sabemos que existem e por oportunismos que também não sabemos se não existem”. Mas propõe uma solução. Uma “nacionalização à sueca”. E explica: “Faria como os suecos, nacionalização para assegurar a qualidade e, depois, pode-se vender.”

João Salgueiro também deixa alertas à banca e sobre a banca a mesma entrevista: “Pode haver mais três bancos na linha para serem resgatados”. Depois do do Banif — “que devia ter sido muito melhor explicado” — e do Novo Banco, “pode haver o caso do BCP, da Caixa e de um banco mais modesto”, concluindo Salgueiro que todos eles “podem ficar caríssimos também” para os contribuintes portugueses.

Ao Governo de António Costa, João Salgueiro dá o “benefício da dúvida”. “Costa tem tido mais sucesso do que as pessoas imaginaram, o problema é saber se é convincente a nível internacional. Dou sempre o benefício da dúvida, sobretudo a pessoas que considero, mas em termos de probabilidades acho que é muito escassa”, explica. João Salgueiro também é muito crítico da União Europeia e dos seus sistemas. “A União bancária é um aborto! É um escândalo! É um desastre!”. E é mais crítico ainda quanto à capitalização da Caixa Geral de Depósitos. “Então agora é proibido ter empresas públicas?” Então não há empresas públicas em França, na Alemanha, em todos os países?”

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