O presidente do Parlamento Nacional timorense, Vicente da Silva Guterres, anunciou esta quinta-feira no plenário a sua renúncia ao cargo, momentos antes da votação para a sua destituição.

“Por dignidade com o cargo, a segunda figura do Estado, eu renuncio ao cargo de presidente do Parlamento Nacional. Desejo sucesso ao meu sucessor”, afirmou.

Vicente da Silva Guterres regressou de imediato ao seu lugar como deputado, passando os restantes trabalhos da sessão a ser conduzidos pelo vice-presidente Adriano do Nascimento.

O discurso alterou o guião previsto para a sessão extraordinária desta quinta-feira do plenário, que deveria ter começado com a votação da destituição de Vicente da Silva Guterres, culminando um processo de debate de várias semanas.

No seu último discurso como presidente, Vicente da Silva Guterres disse que quinta foi um dia histórico, com a destituição pela primeira vez da mesa do parlamento, numa data que coincide com o 17.º aniversário dos acordos de 5 de maio (entre Portugal e a Indonésia sob auspícios da ONU) que permitiram o referendo de 30 de agosto de 1999 sobre a autodeterminação de Timor-Leste.

Vicente da Silva Guterres rejeitou os argumentos de que a mesa do parlamento tinha que ser reeleita para refletir a composição do Governo, considerando que “a composição da mesa tem que refletir a composição das bancadas parlamentares, com proporcionalidade”. Insistiu não entender os motivos, “o crime”, que justificou a decisão da sua bancada o afastar, recordando que foi o próprio então primeiro-ministro, Xanana Gusmão, e líder do CNRT que em 2012 o indigitou como presidente do parlamento.

Agora, perante a atual crise, disse, não ouviu ainda nada de Xanana Gusmão.

Guterres apelou ao povo timorense para que se mantenham calmos no momento atual, a um ano de eleições para a Presidência da República e para o Parlamento Nacional, reiterando que as diferenças políticas se devem dirimir “com diálogo”.

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