O ministro das Relações Exteriores angolano, Georges Chikoti, afirmou esta segunda-feira que Angola e Moçambique registaram alguns progressos para a ratificação do Acordo Ortográfico, mostrando confiança em torno de um consenso.

“Angola e Moçambique têm uma posição comum [em relação ao Acordo Ortográfico], houve algum progresso”, afirmou Chikoti, em conferência de imprensa, após um encontro em Maputo com o seu homólogo moçambicano, Oldemiro Baloi.

Os peritos e professores universitários angolanos e moçambicanos, prosseguiu Chikoti, consideram que o Acordo Ortográfico deve incorporar a dimensão cultural e histórica dos Estados-membros da Comunidade dos Países Língua Portuguesa (CPLP).

“As negociações que têm sido feitas indicam que vão incluir-se outros aspetos, uma outra dimensão cultural e histórica dos nossos países, mas também não há adversidade [na CPLP] sobre esse aspeto”, acrescentou.

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Na semana passada, o ministro da Cultura moçambicano, Silva Dunduro, afirmou que o país vai ratificar o Acordo Ortográfico, quando for oportuno, depois de o Presidente português, Marcelo Rebelo de Sousa, ter admitido que o assunto pode ser repensado.

“Ainda não se achou oportuno ratificar o Acordo Ortográfico, aliás, não somos só nós, Angola também não”, disse Dunduro, em declarações aos jornalistas, à margem de um evento alusivo ao Dia da Língua Portuguesa e da Cultura na CPLP.

Antes de ratificar o Acordo Ortográfico, prosseguiu Dunduro, o país deve refletir em torno das vantagens e desvantagens, para ter uma orientação clara sobre a decisão.

O Presidente da República de Portugal considerou, em declarações à RTP na semana passada, que, se países como Moçambique e Angola decidirem não ratificar o Acordo Ortográfico, isso será uma oportunidade para repensar a matéria. “Nós estamos à espera que Moçambique decida sim ou não ao Acordo Ortográfico. Se decidir que não, mais Angola, é uma oportunidade para repensar essa matéria”, disse.

O Acordo Ortográfico de 1990 tem sido adotado em ritmos diferentes nos Estados que integram a CPLP, estando à frente desse processo Portugal e Brasil. O acordo já foi ratificado pelos parlamentos nacionais do Brasil, Portugal, Timor-Leste, Guiné-Bissau, São Tomé e Príncipe e Cabo Verde.

Em Moçambique, a norma aguarda ratificação pelo parlamento e em Angola não foi regulamentado a nível governamental. O acordo já tem o processo de adoção finalizado em Portugal, onde entrou em vigor a 13 de maio de 2015, apesar de várias vozes de oposição às novas normas linguísticas, em Cabo Verde entrou em vigor em outubro do mesmo ano e no Brasil a 01 de janeiro deste ano.