A mais recente instalação artística do búlgaro Christo vai permitir andar sobre as águas do lago Iseo, na região da Lombardia, no nordeste de Itália.

“Qualquer interpretação [feita sobre o projeto] é legítima. Pela primeira vez, por 16 dias, a partir de 18 de junho a 3 de julho, eles vão andar sobre a água”, disse Christo, em entrevista à agência Associated Press, sobre os 2 mil moradores de Monte Isolo, uma pequena ilha no lago, que normalmente só é acessível por barco.

Desde novembro passado que Christo e a equipa que trouxe da Bulgária fizeram a montagem e ancoragem dos 220 mil cubos de polietileno (uma espécie de plástico) flutuante para criar passarelas de três quilómetros que ligam o continente a algumas ilhas e ilhéus do lago.

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O projeto de Christo chama-se “Os pontões flutuantes” e a segurança da instalação vai ser garantida por 150 voluntários, incluindo nadadores-salvadores, que vão estar a postos perto do cais e em barcos para garantir a segurança dos visitantes, durante os 16 dias em que vai ser possível usar as passarelas flutuantes.

A segurança proíbe os eventuais visitantes da estrutura de nadarem nas águas frias do lago Iseo, mas o plano prevê medidas caso isso venha a acontecer. O passeio sobre as águas será gratuito. O custo total do projeto ascende a 15 milhões de euros, pagos pelo próprio artista, atualmente com 80 anos.

Os projetos de Christo Vladimirov Yavachev são conhecidos por misturarem arte e engenharia e também pela sua espetacularidade no uso de muitos metros de tecido, como o que realizou na Ponte Neuf, de Paris, em 1985.

No caso do projeto “Os pontões flutuantes” falta ainda o toque final e característico da obra de Christo, a aplicação de um tecido amarelo escuro que o artista promete que irá mudar dramaticamente de cor, e passará de vermelho a um tom dourado e brilhante, sob os efeitos da luz e da humidade.

Christo e a mulher, Jeanne-Claude, que morreu em 2009, imaginaram a instalação artística para o delta do Rio de la Plata, na Argentina, em 1970. A falta de autorizações para o levar a cabo levaram o casal de artistas a considerar mudar a localização do projeto para a Baía de Tóquio, onde também não conseguiram obter as licenças.

Finalmente, o projeto pode avançar, numa geografia diferente, algo que o artista considera natural.

“Cada projeto encontra o seu lugar certo”, disse Christo.