“Tímido e talvez discreto demais”. A classificação foi dada por António Costa enquanto procurava o seu ministro da Economia no ultimo congresso do PS. Confrontado com o rótulo dado pelo primeiro-ministro, Manuel Caldeira Cabral, em entrevista ao Jornal de Negócios, convida os leitores colocarem a frase no contexto, associado a programas como o Startup Portugal, o Programa Capacitar ou o Programa Capitalizar, apresentado na semana passada.
O ministro da Economia assume contudo um estilo na forma como “trabalhamos em política”, discutindo com as pessoas e as instituições as soluções antes de começar a apresentá-las”. E sublinha, sempre no plural, “tivemos mais empenho em aplicá-las do que em fazer grande publicidade delas”.
Caldeira Cabral defende que, mais importante do que cortar fitas é “estar ao lado dos empresários” em feiras, em viagens com exportadores ou nas empresas que já visitou. E sobre a falta de eco mediático desta sua atuação deixa a nota. “Se isso não tem tido mais ou menos atenção na comunicação social, deixo ao vosso critério”.
“Não tenho levado comigo uma máquina de propaganda, nem acho que o meu papel seja levar uma máquina de propaganda”.
Nesta entrevista, o ministro da Economia avisa a EDP que tem de cumprir o contrato que prevê que a elétrica assuma os custos da tarifa social de eletricidade. Confrontado com críticas do presidente da elétrica à decisão do governo de estender o desconto para clientes mais vulneráveis a um milhão de pessoas, um esforço que será financiado pela EDP, Manuel Caldeira Cabral, assinala que, “tal como o Estado tem de cumprir obrigações contratuais, a EDP também tem, mesmo que essas obrigações tenham custos”.
O ministro da Economia afirma perceber a posição do presidente da EDP — António Mexia tem defendido que os descontos da tarifa social devem ser suportados pelo Orçamento do Estado ou pelos restantes consumidores — “mas se quiséssemos rever todos os contratos, e estou aberto a isso, se calhar não seria demasiado favorável, se alguns contratos fossem feitos de novo, se calhar também não seriam tão favoráveis à empresa”.
Dias depois de ter apresentando um programa para a recapitalização de empresas, Manuel Caldeira Cabral reconhece que a banca não tem a mesma capacidade para conceder crédito, nem para trabalhar com as empresas “como gostaríamos” e sublinha o esforço do governo para promover alternativas de financiamento que permitam agilizar o acesso a fundos comunitários. O ministro defende o papel do Banco do Fomento como financiador grossista, enquanto a vocação da Caixa Geral de Depósitos é mais de retalho.
Caldeira Cabral assinala ainda que em março e abril se registou um número recorde de empresas a querer investir, com cerca de 3.500 projetos apresentados para um volume total de 3.000 milhões de euros.