Um homem que diz ter sido amante de Omar Mateen, o atirador que matou 49 pessoas numa discoteca gay em Orlando, disse esta semana que o que motivou o ataque foi uma vingança contra os gays latinos, em especial os porto-riquenhos, mas não a homofobia. O homem disse que manteve uma relação com Omar Mateen durante dois meses.

Numa entrevista à cadeia americana de televisão em língua espanhola Univision, o homem, identificado com o nome falso “Miguel”, explicou que Mateen “conheceu no Pulse dois rapazes porto-riquenhos que o convidaram a fazer aquilo a que, em inglês, chamam um «threesome» [sexo a três ou ménage a trois]”. Um deles terá dito a Mateen, no final, que se tinha esquecido de o informar de que era VIH positivo. “Quase lhe parti a cara, mas não o fiz, não quis”, disse Mateen a “Miguel”.

"Miguel" foi entrevistado sob um nome falso e utilizando um disfarce, para não ser reconhecido

“Miguel” foi entrevistado sob um nome falso e utilizando um disfarce, para não ser reconhecido (UNIVISION)

De acordo com o homem, Omar Mateen terá ido fazer um teste, que deu negativo. Ainda assim, terá dito ao companheiro que se sentia igual, após saber o resultado. Quando “Miguel” lhe perguntou o que iria fazer, Mateen terá dito: “Vou fazê-los pagar pelo que me fizeram”.

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Mateen “odiava os gays porto-riquenhos” por causa desse episódio, revelou o homem, que declarou: “Na minha opinião muito pessoal, e pelas conversas que tivemos, ele fê-lo [o ataque] por uma vingança”.

“Houve momentos na discoteca Pulse que o [a Mateen] fizeram sentir muito mal”, revelou. Além disso, o homem explicou à Univision que Mateen “levava uma vida dupla”, e que era “um bissexual forçado porque o seu pai, e a sua religião, pensava que o filho devia estar casado com uma mulher e dar-lhe netos”.

A relação com o Estado Islâmico, para “Miguel”, é falsa. “Talvez essa seja a resposta para o governo, mas para mim não”, disse, acrescentando ainda que a “forma como Omar via a religião, o Islão, era completamente diferente da forma como o seu pai a via”. Omar Mateen “estava à procura de amor”, e nunca aparentou ser violento, conta.

“Miguel” não quis revelar a sua identidade com medo de “represálias”, tanto do pai de Mateen, que tinha com um filho uma relação muito próxima, como do Estado Islâmico, que “não vai estar muito contente” com as revelações. O homem procurou a jornalista Maria Elena Salinas, uma das mais importantes figuras da comunidade hispânica nos Estados Unidos, para dar esta entrevista, “pela confiança como excelente jornalista”. “Ou a ela ou a ninguém”, afirmou.

A Univision informou que o FBI disse à estação que também falou com o homem, mas uma fonte das autoridades ouvida pela CBS News não confirmou nem desmentiu a informação. De acordo com essa fonte, Mateen era frequentador de redes sociais de encontros e várias pessoas, homens e mulheres, contactaram as autoridades dizendo que mantiveram relações com ele. Esses casos estão a ser investigados.