A Associação de Lesados do Banif (Alboa) pretende ser recebida pelo Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, durante a visita à Madeira que este realiza de quinta-feira a sábado, disse esta quarta-feira, no Funchal, a organização.

“Nós temos prometida uma reunião com o senhor Presidente da República. Sabemos que ele é solidário, sabemos que ele tem demonstrado ao longo do seu exercício compreensão perante as pessoas, nomeadamente perante as pessoas desfavorecidas e lesadas”, afirmou esta quarta-feira Jacinto Silva, líder da Alboa, na sequência de uma manifestação que juntou cerca de 80 lesados em frente à sede do Santander.

Este foi o protesto mais tenso realizado pela associação no Funchal, com os manifestantes a tentarem uma entrada à força no Santander Totta, instituição que adquiriu o Banif por 150 milhões de euros em dezembro de 2015.

Durante cerca de meia hora, os manifestantes estiveram à porta do banco a gritar “queremos o nosso dinheiro” e a PSP solicitou reforços, para travar a intenção de entrarem na edifício, onde pretendiam expressar a sua indignação no Livro de Reclamações.

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Jacinto Silva afirmou, por outro lado, que os lesados não vão desistir enquanto não forem recebidos pelos responsáveis do Santander, salientando que “a estratégia será aumentar a pressão” e, se for necessário, “endurecer a luta”.

A reunião com Marcelo Rebelo de Sousa, que vai estar na região autónoma de quinta-feira a sábado, insere-se nestes objetivos.

“Aguardamos a todo o momento uma audiência com o senhor Presidente”, disse o líder da Alboa, sublinhando que, apesar de o encontro não estar ainda confirmado, “é para ser aqui na Madeira”.

Desta vez, os manifestantes concentraram-se junto do Banco de Portugal e depois deslocaram-se em direção à sede do Santander, no centro do Funchal, empunhando cartazes com inscrições como “Não queremos esmolas, apenas aquilo que é nosso”; “De que serve poupar, mais vale roubar”; “Fomos enganados, queremos as nossas poupanças”; “O Estado não nos protege. Rouba!”

Os lesados do Banif insistem em que foram enganados, primeiro pela instituição bancária e depois pelo Estado, sendo que a Alboa representa três tipos de ex-clientes do banco: acionistas, obrigacionistas subordinados e obrigacionistas Rentipar (‘holding’ através da qual as filhas do fundador do Banif – Banco Internacional do Funchal, Horácio Roque, detinham a sua participação no banco).

Em causa estão 263 milhões de euros oriundos de 3.500 obrigacionistas subordinados e 65 milhões de euros respeitantes a um número indeterminado de lesados Rentipar.

Existem também cerca de 40 mil acionistas, dos quais 25 mil da Madeira, que foram prejudicados com a venda do Banif ao Santander Totta.