O secretário-geral do PCP defendeu hoje, a propósito das eventuais sanções da União Europeia (UE) a Portugal, a rejeição do Tratado Orçamental, para libertar o país da instabilidade e dos amarramentos da UE.

“A questão da revisão, da rejeição do Tratado Orçamental parece-nos ser o elemento fundamental. Que os países se reúnam numa conferência intergovernamental e discutam essa possibilidade, porque não podemos viver sempre com o credo na boca”, afirmou Jerónimo de Sousa, em declarações aos jornalistas.

Falando em Fafe, depois de ter discursado num convívio das mulheres do PCP do distrito do Porto, no qual participaram algumas centenas de militantes e simpatizantes, o secretário-geral comunista destacou que “esta proposta tem vindo a alargar-se e a recolher novos apoios”.

“Recentemente, o Bloco de Esquerda disse que estava de acordo, que secundava esta proposta. Mesmo no seio do PS, e por parte de muitos democratas e patriotas, existe esta preocupação”, reforçou.

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Questionado sobre a eventual falta de consenso na esquerda parlamentar sobre essa proposta, Jerónimo reconheceu que “o Governo PS não assumiu isso”, mas defendeu ser “a vida a impor esta realidade”.

“Não estamos aqui a fazer uma proposta revolucionária, estamos aqui a dizer que este povo tem direito ao investimento, ao crescimento económico e a criar mais riqueza, mas tem sempre estes amarramentos”, acrescentou.

Para o líder do PCP, “esta insegurança, esta instabilidade não ajuda a resolver os problemas fundamentais” do país.

“Com estes constrangimentos não passamos da cepa torta”, exclamou também.

Ainda sobre as eventuais sanções da UE a Portugal, considerou serem “inaceitáveis, depois de tantos sacrifícios, de tantos sofrimentos que esse pacto de agressão impôs sobre o nosso povo, a toque de caixa da União Europeia”.

Jerónimo evidenciou depois outra preocupação: “Pode não haver sanções, mas a verdade é que o Tratado Orçamental e o semestre europeu se mantêm em vigor. Pode evitar-se sanções agora, mas as regras colocam sempre Portugal debaixo de fogo”.

Questionado pelos jornalistas sobre a recente informação de que Durão Barroso foi indicado para ser o presidente não executivo da Goldman Sachs International, o dirigente do PCP comentou: “A esse caso particular de Durão Barroso, podíamos juntar uma lista longa de quadros dirigentes que circulam, numa espécie de vaivém, entre os grupos económicos e as instituições da União Europeia, numa promiscuidade condenável no plano ético”.

Ainda segundo Jerónimo, o caso revela “ao serviço de quem estiveram e ao serviço de quem está essa União Europeia”.

“Mais do que ataques pessoais ou fulanizados, devíamos tirar esta lição ou ensinamento”, reforçou Jerónimo.

Para o secretário-geral do PCP, o caso “demonstra que a tal União Europeia, que devia ser da coesão económica e social, é de facto uma União Europeia ao serviço do grande capital”.