As bebidas alcoólicas também têm calorias. Portanto, quanto mais álcool ingerir numa noite de festa, mais calorias estará a ingerir também. É quase como passar a noite a comer snacks – e isso estraga a dieta. Solução encontrada pelos jovens: saltar refeições e compensar com as calorias ingeridas pelo álcool. Aviso: não tente fazer isto em casa (na verdade, não tente fazê-lo de todo).
Drunkorexia é um termo adaptado do inglês, com a raiz “drunk” (bêbado). De forma simples, consiste em saltar refeições, logo ingerindo menos calorias, para depois poder compensar com a ingestão de álcool. Segundo o site britânico Drinkaware, é cada vez mais comum entre as mulheres. Mas que haja ilusões: esta suposta “moda” é, na verdade, um distúrbio alimentar.
“Há uma grande pressão para que as mulheres bebam e continuem magras”, disse Louise Noble, dietista-chefe do Berkshire Healthcare Trust, citada pelo Drinkaware. “Isso significa que, muitas vezes, elas perdem uma parte nutricional importante para poderem beber com os seus amigos.”
Este problema afeta mais as pessoas preocupadas com o peso. Daí que, na antecipação de uma noite de copos, escolham passar a noite, ou mesmo o dia inteiro, sem comer convenientemente. Nada contra quem quer regular o consumo de calorias para não engordar, mas que isso não sirva de desculpa para deixar de comer e permitir-se beber álcool até chegar ao limite (ou ultrapassá-lo).
Aqui fica uma calculadora para ver quantas calorias prevê ingerir numa noite de paródia.
E este problema poderá afetar mais as mulheres, segundo um estudo preliminar (com 63 alunos) de dois investigadores da Universidade George Washington (Estados Unidos), publicado na revista científica Journal of American College Health. E porque é que as mulheres são mais afetadas pela drunkorexia? Porque são elas que mais se preocupam com o controlo do peso. Mas o trabalho de Dipali Rinker, investigadora na Universidade de Houston, não encontra diferenças tão nítidas entre géneros.
“Mulheres que bebem em excesso [“heavy-drinkers”] e que tenham fortes motivações para o controlo de peso correm um risco maior de drunkorexia”, concluem os investigadores da Universidade George Washington.
Drunkorexia ainda não é um termo médico, mas, tal como a anorexia, apresenta-se como um distúrbio alimentar quando as pessoas começam a ficar obcecadas pelo consumo de calorias e esta obsessão começa a tomar conta das decisões que tomam. Saltar uma refeição não faz uma pessoa anoréxica, mas tornar este comportamento repetitivo e obsessivo pode fazê-lo.
Este distúrbio aparece muitas vezes associado ao binge drinking, quando se bebem grandes quantidades de álcool num curto espaço de tempo, chegando mesmo a beber-se de uma só vez mais de metade do número de bebidas que o Serviço Nacional de Saúde britânico recomenda para uma semana inteira – 14 unidades. Estas 14 unidades podem equivaler a seis copos de vinho ou a três litros de cerveja. Mais do que a quantidade de álcool ingerida, está a velocidade a que se bebe, muitas vezes sem comer nada – o estado de embriaguez também chegará muito mais depressa.
Ter estômago vazio quando se inicia o consumo de álcool faz com que a pessoa se embebede mais depressa e que o álcool chegue mais rapidamente à corrente sanguínea. Comer antes ou enquanto se bebem bebidas alcoólicas ajuda a contrariar estes efeitos. Além dos efeitos imediatos do consumo excessivo de álcool e das consequências que pode ter na própria noite, trocar os alimentos sólidos pelas bebidas alcoólicas pode levar a uma carência de vitaminas e outros nutrientes, provocando outros problemas de saúde, alerta Dipali Rinker, investigadora na Universidade de Houston, citada pelo site Science Daily.
Cerca de um terço dos estudantes de secundário norte-americano saltam refeições ou fazem exercício intenso para compensar a quantidade de calorias que vão ingerir numa noite de copos ou para conseguirem efeitos mais pronunciados da embriaguez, revelou um estudo divulgado pela NBC News. O mesmo trabalho revelou que oito em cada 1o destes estudantes praticam binge drinking pelo menos uma vez por mês – quatro ou mais bebidas para as raparigas e cinco ou mais para rapazes, segundo um estudo anterior.
O site Drunkaware deixa um conselho: se quer cortar nas calorias, corte no consumo de álcool, não na comida. E a investigadora Dipali Rinker acrescenta que quem ingere álcool deve preocupar-se ainda mais em manter uma boa alimentação, praticar exercício físico e manter-se hidratado.