Michael Phelps não foi o único. Outros atletas olímpicos foram fotografados nos últimos dias com marcas roxas em forma de círculo na pele. Mas o campeão das 22 medalhas de ouro — para já — não passou despercebido e as suas vitórias foram (quase) abafadas pela curiosidade relativamente à sua pele. Cupping ou ventosaterapia: é o que significam as suas marcas. O The Guardian questionou se as ventosas não seriam meramente uma superstição de atletas e João L. Monteiro, num texto de opinião publicado no Observador, comparou-as às pulseiras do equilíbrio famosas há alguns anos.

Superstição ou não, o Google Trends reportou um aumento de 2,100% na procura por “círculos do Michael Phelps” e, no dia em que o atleta apareceu com as marcas, o The Guardian afirmou que, tanto no Twitter como no Google, esta frase foi mais pesquisada do que as palavras “medalhas olímpicas”.

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As marcas não mentem: o ultramedalhado Michael Phelps faz ventosaterapia. (Foto: MARTIN BUREAU/AFP/Getty Images)

Mas o cupping não é de hoje. Já em 2004, a BBC falava das celebridades rendidas a esta terapia, como Gwyneth Paltrow fotografada na estreia de Anchorman com círculos castanhos nas costas. E para os fãs da medicina tradicional chinesa esta é uma terapia antiga que volta agora a ganhar interesse com os atletas no Rio de Janeiro. O lado bom desta moda para os comuns mortais? Para além de diminuir dores musculares, o cupping tem benefícios como a melhoria da celulite, das cicatrizes e da má circulação, entre outros.

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O que é o cupping?

O cupping é uma espécie de acupuntura que exerce sucção sobre a pele através de calor ou aparelhos próprios que fazem pressão de ar. O vácuo que é criado puxa o sangue (o que cria as tais marcas), melhora a circulação sanguínea e relaxa os músculos e as articulações. Também se acredita que o cupping tem efeitos anti-inflamatórios e ajuda no alívio de dores. Hélder Flor, especialista em Medicina Chinesa, explica que as ventosas são mais eficazes do que uma massagem porque estimulam muito mais a circulação e, para se conseguir os mesmos efeitos, teria que se massajar uma zona do corpo durante duas horas. “O efeito de sucção na pele faz com que o ar quente dentro dos copos tenha uma densidade mais baixa e, à medida que arrefece junto à pele, diminua a tensão no local.”

A polémica do cupping

Tal como tem acontecido no confronto medicina oriental versus ocidental, a “terapia dos copos” está envolvida em várias polémicas. A principal é a de que todo este teatro não faz nada a não ser deixar marcas na pele — tal como um romântico “chupão”. Trocando por miúdos, não deixa de ser “banha da cobra”. O jornal britânico Independent escreve que a única coisa que Phelps e Paltrow têm em comum é que ambos têm uma grande quantidade de dinheiro, o que lhes permite gastá-lo em qualquer capricho, não importa quão cientificamente infundado seja.

Por outro lado, a revista Time relembra os mais de 500 estudos que já foram feitos e demonstram benefícios da ventosaterapia em condições de dor, com resultados positivos a curto prazo. Além disso, nenhum dos estudos revelou contraindicações graves a partir desta prática. E novas celebridades estão, agora, curiosas com esta terapia, como Kim Kardashian.

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Os benefícios da ventosaterapia

Polémicas à parte, esta terapia tem vindo a ter efeitos positivos também em situações estéticas, como celulite e cicatrizes. Já em 2015, a revista Glamour falava da “Cupping Massage” realizada no spa do Four Seasons Los Angeles que, ao mover o fluido linfático, aumenta a circulação enquanto a sucção dos copos quentes derrete as células de gordura e minimiza a aparência de celulite. Em declarações ao Observador, Hélder Flor, que tem uma rede de clínicas onde faz sessões de cupping (40€ a primeira sessão, 35€ as seguintes), confirma:

A eficácia das ventosas é bastante superior à de uma massagem tradicional pela estimulação acrescida do sistema circulatório, cuja deficiência é uma das principais causas da celulite. Ao combater a estagnação sanguínea, ajuda a destruir as bolsas de gordura acumuladas por baixo da pele, a reduzir o seu inchaço e a melhorar a aparência da mesma, tendo também bons resultados em casos de estrias.”

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Uma sessão de “cupping” anti-celulite. (Foto: Getty Images/iStockphoto)

As próprias marcas de cosmética têm andado de olhos postos nesta moda. Em abril, chegou a Portugal o Cellu-Cup, vendido nas lojas Sephora (19,55€), uma espécie de copo de silicone que, ao ser massajado na pele, permite a degradação das células de gordura e a sua libertação. O Cellu-Cup não faz o vácuo que a ventosaterapia faz, mas é uma forma caseira de aplicar a mesma filosofia de massagem que aumenta a circulação sanguínea na zona.

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