Depois de duas votações em que o antigo primeiro-ministro português e alto-comissário das Nações Unidas para os refugiados, António Guterres, terá reunido a preferência da maioria dos países, Ban Ki-moon veio pedir a eleição de uma mulher para o cargo de secretário-geral das Nações Unidas.
Oito homens lideraram as Nações Unidas nos seus mais de 70 anos de história. Agora, o último destes, diz que está na hora de isso mudar. Com o seu segundo mandato de cinco anos a chegar ao fim, Ban Ki-moon tem onze pretendentes ao seu lugar: seis homens e cinco mulheres.
A decisão, lembra o sul-coreano, não está nas suas mãos. Serão os 15 membros do Conselho de Segurança das Nações Unidas a recomendar um candidato aos 193 membros que compõem a Assembleia Geral. Mas a altura é mais propícia.
“Temos muitas mulheres que são líderes distintas e respeitadas em governos nacionais ou outras organizações e até em comunidades empresariais, políticas e culturais e todos os outros aspetos da nossa vida. Não há razão para que não [tenhamos também] nas Nações Unidas”, disse o responsável, citado pelo jornal britânico Guardian.
Sem citar favoritas, o responsável defendeu apenas que existe muitas mulheres “distintas e motivadas que podem efetivamente mudar o mundo”.
“Esta é a minha humilde sugestão, mas a decisão é dos Estados-membros”, disse o secretário-geral das Nações Unidas numa visita à casa de Libba Patterson, a mulher, agora com 99 anos, que o recebeu nos seus primeiros dias nos Estados Unidos, quando Ban Ki-moon tinha apenas 18 anos.
Tradicionalmente, o cargo tem ‘rodado’ pelas várias regiões do mundo, com secretários-gerais oriundos da Ásia, África, América Latina e Europa Ocidental. A Europa mais a leste (Rússia incluída) queixa-se de nunca ter tido um secretário-geral e há ainda um grupo de 56 países que querem que seja eleita, pela primeira vez, uma mulher para liderar a organização.
Até agora houve duas votações e António Guterres venceu as duas. A mulher mais bem colocada nas duas conseguiu apenas um terceiro lugar, tratando-se de mulheres diferentes em cada uma das votações. Na mais recente, foi Susana Malcorra, ministra dos Negócios Estrangeiros da Argentina e antiga chefe de gabinete de Ban Ki-moon, quem ficou melhor colocada (terceiro lugar).