É definitivo. Depois de anos de negociações, o acordo de comércio entre a União Europeia e os Estados Unidos tem a sua morte anunciada, com a França a desferir o seu golpe mortal, retirando o seu apoio às negociações e pedindo o cancelamento, imediato e definitivo, das negociações.
O primeiro golpe foi dado no fim de semana, pela mão do vice-chanceler alemão Sigmar Gabriel. Numa entrevista à rádio alemã ZDF, o também ministro da Economia da Alemanha disse que, na sua opinião, “as negociações com os Estados Unidos falharam, mesmo que ninguém o esteja a admitir”.
O governante alemão dizia ainda que as negociações estavam completamente estagnadas e defendeu que os europeus não tinham de se submeter às exigências americanas.
A opinião do governante mostrava o caminho que hoje é confirmado pela França de forma inequívoca. Numa entrevista, o secretário de Estado do Comércio francês pediu de forma direta o fim das negociações, imediatamente e em definitivo, garantindo que o acordo já não tem o apoio político francês.
“Deixou de existir apoio político de França a estas negociações”, que geraram “muita desconfiança e medo”, afirmou Matthias Fekl. A França irá avançar mesmo com um pedido formal para que as negociações com os Estados Unidos terminem.
A França tem sido dos países europeus que mais reservas tem manifestado em relação ao acordo de comércio, que teve grande apoio dos EUA e da Alemanha, assim como das instituições europeias e foi ‘vendido’ à população como tendo o potencial para aumentar de forma significativa o crescimento económico dos dois blocos. A oposição francesa endureceu em abril, chegando mesmo a haver ameaça de boicote devido aos seus interesses no setor agrícola e cultural.
A posição formal será explicada pelos franceses na reunião informal dos ministros do Comércio da União Europeia em Bratislava, na Eslováquia, país que detém a presidência rotativa da União Europeia. Como a reunião é informal, não podem ser tomadas decisões.