A dez dias de entregar o Orçamento do Estado para o próximo ano no Parlamento, António Costa recebeu em São Bento PCP e Bloco de Esquerda, em separado, mas as conversas não foram conclusivas, segundo apurou o Observador junto de várias fontes com conhecimento das reuniões. Ainda há muito em aberto nesta negociação, sobretudo em matéria de aumento de pensões, que é um dos pontos de honra para toda a esquerda, com o PCP a reivindicar publicamente um aumento de 10 euros. Uma medida que apresentou na discussão do Orçamento para este ano, mas que acabou chumbada pelo PS.

Nessa altura, os comunistas pediam exatamente o mesmo que reclamam hoje (e que Catarina Martins admitiu este fim de semana também estar a negociar com o Governo): o aumento de 10 euros de todas as pensões, com exceção do último escalão. Mas a intenção só teve o apoio do Bloco de Esquerda. PSD e CDS abstiveram-se, na votação na comissão de Orçamento e Finanças, deixando toda a responsabilidade de rejeitar esta medida para os socialistas.

Agora os comunistas voltam à carga e já com cálculos feitos. Segundo o partido divulgou a vários órgãos de comunicação social, este aumento custaria cerca 400 milhões de euros ao Estado. Mas da reunião desta terça-feira, os partidos ainda saíram sem uma resposta concreta sobre um eventual aumento de pensões. Continua tudo por definir, tanto o bolo disponível para fazer face a esta medida, como a forma como ele será repartido.

Nas reuniões — que demoraram, cada uma, cerca de duas horas — o Governo esteve representado por António Costa, o ministro das Finanças, Mário Centeno, o ministro da Segurança Social, Vieira da Silva, e anda o secretário de Estado dos Assuntos Parlamentares, Pedro Nuno Santos. BE e PCP reuniram-se à vez, como tem sido hábito, mas desta vez também com a presença dos líderes, Catarina Martins (BE) e Jerónimo de Sousa (PCP). Em cima da mesa terá estado também a intenção de mexer nos impostos indiretos, nomeadamente o imposto sobre consumos nocivos, ou seja, bebidas açucaradas ou alimentação com excesso de sal, por exemplo. Uma discussão onde também não foi possível chegar a uma decisão.

Ainda falta uma semana e meia para a entrega da proposta de Orçamento, mas António Costa vai estar ausente numa viagem à China (entre 8 e 12 de outubro), pelo que a reunião desta terça-feira pode já ter sido a última que juntou os partidos que apoiam o Governo e o primeiro-ministro. Segundo apurou o Observador, os encontros de representantes das forças políticas que apoiam esta solução de governação vão continuar a encontrar-se com o responsável das Finanças, mas não necessariamente com António Costa.

O Orçamento do Estado chegará à Assembleia da República a 14 de outubro e a discussão da generalidade (a primeira vez que chegará ao plenário para ser debatido) está agendada para os dias 3 e 4 de novembro.

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