Várias manifestações estão marcadas para este sábado em França, nalguns dos 300 locais por onde o Governo quer repartir os entre sete e 10 mil imigrantes e refugiados que se aglomeravam no campo de Calais, mais conhecido como a “Selva”.

Centenas de pessoas, segundo a “France Info”, desfilaram esta manhã pelas ruas de Pierrefeu du Var, junto à Costa Azul, até um edifício que deverá albergar, nas próximas semanas, 60 requerentes de asilo procedentes de Calais.

Esta distribuição de imigrantes e refugiados por várias localidades francesas insere-se nos planos do executivo do presidente François Hollande, que anunciou o desmantelamento da “Selva” antes do final deste ano.

O autarca de Pierrefeu du Var, uma comuna francesa no sul do país, na região administrativa de Provença-Alpes-Costa Azul, é contra a chegada dos refugiados ao seu município de cerca de 6 mil habitantes e conseguiu o apoio unânime do conselho a uma proposta nesse sentido.

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Nesta mesma localidade estão programadas outras duas manifestações, uma a favor da chegada dos refugiados e outra contra, organizada pela Frente Nacional.

Cerca de 300 pessoas manifestaram-se em Forge les Bains, uma localidade com cerca de 3.700 habitantes a cerca de 30 quilómetros a sudoeste de Paris, para protestar pela chegada, desde o início da semana, de 44 imigrantes afegãos.

O grupo que organizou a marcha queixa-se, nomeadamente, de que o edifício em que os afegãos foram alojados fica nas proximidades de um colégio, tendo recolhido cerca de 2.300 assinaturas a pedir que o número de imigrantes não aumente.

A questão da repartição dos imigrantes de Calais — em que cerca de 80% devem pedir asilo, segundo o ministro do Interior francês, Bernard Cazeneuve — adquiriu um tom abertamente político, agora que o país está a menos de sete meses das próximas eleições presidenciais.

O “número um” do partido dos Republicanos, Laurent Wauquiez, presidente da região de Auverne-Rhône-Alpes, é um dos rostos visíveis contra a distribuição destas pessoas em centros de acolhimento por todo o território francês e tem o apoio do anterior chefe de Estado Nicolas Sarkozy.

O presidente da associação de ajuda aos refugiados “França Terra de Asilo”, Pierre Henry, mostrou hoje a sua indignação pela utilização política e confirmou que aquelas 10 mil pessoas são para repartir entre 300 centros de acolhimento por todo o país.

Em declarações à rádio “France Info”, Pierre Henry considerou que “não se pode tolerar” a situação atual no centro de Calais, e sublinhou que dar acolhimento a pessoas que são requerentes de asilo “é uma obrigação legal”.

Nos últimos dias houve vários ataques contra as instalações que serão adaptadas para acolher os imigrantes e refugiados de Calais.

Nesta semana foram disparados tiros contra dois desses edifícios — que estavam vazios — em Saint Hilaire du Rosier, na zona este, e em Saint Brévin, perto de Nantes, na zona oeste.