O Presidente da República apelou aos parceiros sociais e partidos políticos para que pensem no futuro, em vez de ficarem à espera de “eleições que não chegam”, e façam acordos de médio e longo prazo.

Durante uma sessão comemorativa do 25.º aniversário do Conselho Económico e Social (CES), na Fundação Calouste Gulbenkian, em Lisboa, Marcelo Rebelo de Sousa reiterou que acredita “em entendimentos, ao menos parcelares, na saúde, na educação, nalguns domínios laborais, na reforma do Estado” e eventualmente – “quem sabe se mais longinquamente” – na Segurança Social.

“Tudo dependerá de os parceiros sociais, tal como os partidos políticos, optarem por estratégias de curto ou de médio e longo prazo. Se preferirem pautar a sua conduta pelo conjunturalismo, vários deles esperando todos os dois meses eleições que não chegam, dificilmente olharão para o médio e longo prazo”, disse.

O Presidente da República acrescentou que, “se optarem por uma ótica de médio longo prazo, terão boas razões para levarem mais longe acordos sociais”.

Marcelo Rebelo de Sousa insistiu no apelo: “Pensemos todos um pouco menos no dia de amanhã ou depois de amanhã, pensemos todos um pouco mais no Portugal, já não digo de 2020, 2030, 2040 ou 2050, mas pelo menos de 2019, 2023, 2027, 2031, para nos atermos ao ritmo quadrienal das legislaturas, que é um bom ritmo em termos de estabilidade política”.

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O chefe de Estado salientou que “não há posições relativas eternas” em democracia: “Quem ontem se sentia mais confortável sente-se hoje com menos espaço de manobra, e o mesmo poderá sempre acontecer no futuro”.

“Para Portugal, o ideal seria e será que parceiros económicos e sociais, tal como partidos políticos, não desperdicem as suas energias numa estrita perspetiva de curto prazo e olhem para o futuro a prazo mais longo. É esse o meu apelo”, concluiu.

Antes, em declarações aos jornalistas, o mesmo Marcelo Rebelo de Sousa tinha reconhecido a complexidade das negociações. “Sei como é complexa a negociação de um orçamento por vários partidos. E, por outro lado, também sei que até ao último minuto há ajustamentos a fazer”, começou por dizer o Presidente da República.

“A minha experiência é de que, mesmo nos últimos dias, há acertos a fazer. Não necessariamente entre orçamentos dos ministérios, mas de medidas ou de aspetos de pormenor, num documento muito longo, que tem muitos artigos é muito complicado e que normalmente contém alterações para outras leis sobre matéria, por exemplo, de impostos ou medidas económicas e financeiras”, concluiu ainda Marcelo.