A Organização Mundial de Saúde estima que em 2015 tenham surgido 10,4 milhões de novos casos de tuberculose no mundo e alerta que, embora a incidência e a mortalidade estejam a cair, é preciso acelerar o ritmo.
“As ações e investimentos globais estão aquém do necessário para acabar com a epidemia global de tuberculose”, escrevem os autores do Relatório Global sobre a Tuberculose, hoje divulgado pela OMS, em letras garrafais sobre fundo vermelho.
Segundo o documento, a taxa de redução da incidência (número de novos casos) da tuberculose foi de apenas 1,5% entre 2014 e 2015, mas para que os primeiros objetivos da Estratégia de Eliminação da doença sejam alcançados, até 2020, é preciso que esta taxa de queda suba para quatro a cinco por cento ao ano.
Outra conclusão é que, embora se estime que sejam precisos dois mil milhões de dólares anuais para a investigação e o desenvolvimento de medicamentos para a tuberculose, o financiamento nunca ultrapassou os 0,7 mil milhões por ano entre 2005 e 2014.
Com base em dados recolhidos junto de 202 países e territórios, que representam mais de 99% da população mundial e dos casos globais de tuberculose, o relatório conclui que em 2015 terão surgido 10,4 milhões de novos casos da doença no mundo, dos quais 5,9 milhões (56%) entre homens, 3,5 milhões (34%) entre mulheres e um milhão entre crianças.
Em 2015, 1,2 milhões de novos casos, 11% do total, eram pessoas que viviam com o VIH – que são particularmente vulneráveis.
Seis países apenas – Índia, Indonésia, China, Nigéria, Paquistão e África do Sul – são responsáveis por 60% de todos os novos casos, pelo que o progresso global na eliminação da tuberculose depende em grande medida de avanços na prevenção e tratamento da doença nestes países, admite a OMS.
Dos 10,4 milhões de novos casos estimados, apenas 6,1 milhões foram detetados e oficialmente notificados em 2015, o que representa uma diferença de 4,3 milhões.
Esta diferença reflete uma mistura de subnotificação de casos detetados (principalmente em países com grandes setores privados) e de subdiagnóstico (especialmente nos países com maiores dificuldades de acesso aos serviços de saúde).
A OMS estima que 1,8 milhões de pessoas tenham morrido com tuberculose em 2015, entre as quais 400 mil com o VIH.
Embora o número de mortes associadas à tuberculose tenha caído 22% entre 2000 e 2015, esta doença infeciosa continua a ser uma das 10 principais causas de morte em todo o mundo.
Em 2015, 17% das pessoas com tuberculose acabaram por morrer com a doença, taxa que a OMS quer reduzir para 10% até 2020.
Outra das preocupações é a tuberculose multirresistente aos antibióticos, que a OMS estima ter afetado 480 novas pessoas em 2015, a que se juntam 100 mil novos casos de tuberculose resistente à rifampicina, também eles elegíveis para o tratamento para a tuberculose multirresistente.
Segundo a OMS, das 580 mil pessoas que em 2015 passaram a ser elegíveis para o tratamento específico da tuberculose miltirresistente, apenas 20% foram abrangidas.
Globalmente, a taxa de sucesso deste tratamento foi de 52% em 2013.
A tuberculose é uma doença provocada pelo bacilo Mycobacterium tuberculosis e afeta sobretudo os pulmões, mas pode afetar outras partes do corpo.
A doença transmite-se quando uma pessoa infetada com tuberculose pulmonar expele bactérias ao tossir.
Em geral, apenas cinco a 15% dos dois a três mil milhões de pessoas que se estima estarem infetadas com a bactéria desenvolverão a doença ao longo da sua vida, mas a probabilidade de adoecer é muito maior na população infetada com o VIH.
A estratégia para a eliminação da tuberculose, definida pela OMS em 2014, visa reduzir as mortes por esta doença em 95% e o número de novos casos em 90% entre 2015 e 2035, mas tem metas parciais em 2020, 2025 e 2030.
Até 2020, o mundo deve registar uma redução de 35% no número de mortes por tuberculose e uma redução de 20% na taxa de incidência, face aos números de 2015.