O Presidente de Governo espanhol em funções, Mariano Rajoy, admitiu, esta sexta-feira, que governar em minoria não seria um impedimento para submeter-se no parlamento, pela terceira vez, à votação de investidura. Durante a saída do Conselho Europeu, em Bruxelas, Rajoy assegurou que está “plenamente consciente dos apoios que tem”, mas lembrou que não é a primeira vez que se forma Governo nestas condições.
Segundo descreve o jornal El País, Rajoy explicou à imprensa que pretende conseguir a estabilidade do seu eventual governo ao “incidir nos pontos em que há mais possibilidades de acordo e deixar de lado aqueles nos quais o desacordo é mais difícil de superar”.
“É uma legislatura que teremos de fazer mais esforços para nos entender e conseguir acordos, e todos temos que ceder nos nossos propósitos”, reconheceu. Entre os possíveis temas fraturantes citados pelo líder do PP, encontram-se a reforma das pensões, o reajuste do défice público e o movimento independentista na Catalunha. “Como não temos maioria absoluta, tenho que assumir que muitos dos propósitos que estavam no nosso programa [de governo] não poderão ir adiante”, sentenciou.
Todos sabem que, o que prefiro, estou a dizer desde 21 de dezembro e reiterei a 27 de junho: um Governo de coligação. (…) [Será] uma excelente oportunidade para uma mudança, para que pela primeira vez em 40 anos estivessem juntos no poder os partidos que antes se alternaram”, declarou.
Questionado sobre o que espera do Comité Federal do PSOE, que decide, este domingo, se pretende abster-se ou não na votação da sua investidura no Congresso dos Deputados, adotou um discurso cauteloso, ao dizer que vai respeitar a deliberação “seja qual seja”. “O rei [Felipe VI] pode propor a alguém ou não, e não me corresponde dizer quais são os critérios para fazê-lo. Terei que ver o que faz. Já me apresentei há dois meses, tive 170 votos a favor e 180 contra e esta é a situação de hoje”, concluiu.
A data chave para que os partidos políticos espanhóis resolvam o impasse atual é 31 de outubro, quando acontece a dissolução do parlamento e convocação de novas eleições 54 dias depois – provavelmente para 25 de dezembro. Neste caso, serão as terceiras eleições legislativas que se realizam num período de um ano, depois da primeira consulta, a 20 de dezembro de 2015, e da segunda, a 26 de junho.