O BPI alcançou um resultado líquido consolidado de 182,9 milhões de euros durante o período que decorreu entre janeiro e setembro de 2016, de acordo com as contas que foram divulgadas nesta quarta-feira. Os lucros registado representam um crescimento de 21,2% em comparação com aqueles que se verificaram durante os primeiros nove meses do ano anterior.

O documento assinala que o resultado teve origem maioritária na atividade internacional, em que se destaca o contributo do Banco de Fomento Angola (BFA). Nesta frente, os lucros foram de 125,4 milhões de euros, enquanto as operações domésticas representaram 57,5 milhões de euros do resultado alcançado.

A contas revelam uma diminuição do balanço, com o crédito a clientes a registar um recuo de 1,1%, ao fixar-se em 23,9 mil milhões de euros. Nos depósitos, registou-se uma quebra de 467 milhões de euros, o que significa uma diminuição de 1,3% em comparação com os primeiros nove meses de 2015. Este desempenho levou o BPI, em termos consolidados, a uma relação entre crédito e depósitos de 86%. Na atividade doméstica, o chamado “rácio de transformação” foi de 104% no final do período em causa.

O crédito vencido há mais de 90 dias “ascendia a 3,5% nas contas consolidadas”, indicam as contas do banco, enquanto o “rácio de crédito em risco ascendia a 4,6%”. O BPI revelou, também, que “as imparidades acumuladas no balanço cobriam a 112% o crédito vencido há mais de 90 dias e a 85% o crédito em risco”. Quanto às imparidades para crédito, “diminuíram de 113,4 milhões de euros em setembro de 2015 para 53 milhões de euros em setembro de 2016”, o que equivale a uma redução de 60,5 milhões de euros. Em percentagem da carteira de crédito, assinala o banco liderado por Fernando Ulrich, “as imparidades para crédito diminuíram de 0,61% para 0,30%, em termos anualizados”.

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Além da redução das imparidades no crédito, o comportamento do BPI também foi beneficiado com o crescimento do produto bancário, rubrica que inclui juros e comissões cobradas. “O produto bancário consolidado aumentou em 13,4 milhões de euros em termos homólogos, para 908 milhões de euros”, refere o documento com as contas do banco, que adianta: “para a evolução positiva do produto bancário contribuiu a melhoria da margem financeira [indicador que reflete a diferença entre juros pagos e juros cobrados] em 62,1 milhões de euros”, um crescimento de 12,6% para 555,6 milhões de euros. As comissões ascenderam a 234,9 milhões de euros, uma redução de 2,3 milhões de euros.

Banco fecha 2016 com menos 384 trabalhadores

O BPI deverá fechar 2016 com menos 384 trabalhadores do que tinha no fim de 2015, uma vez que às 142 pessoas que já saíram até setembro se vão somar as saídas estimadas de mais 242 até 31 de dezembro. Segundo a informação hoje avançada pelo BPI na apresentação das contas até setembro, nos primeiros nove meses deste ano saíram 142 trabalhadores em Portugal, tendo o banco chegado ao final de setembro com 5.757 funcionários na operação doméstica.

No entanto, Fernando Ulrich disse hoje em conferência de imprensa que até final do ano será acelerada a saída de pessoal, estimando o fim de 242 contratos de trabalho. “Daqui até ao fim de 2016 ainda vai aumentar a redução do número de colaboradores, que a parte principal é de reformas antecipadas cujos custos já estão refletidos [nas contas até setembro] mas cuja saídas só se vão materializar agora, muitos deles já em outubro”, afirmou Ulrich.

Quanto à rede de distribuição, no final de setembro, o BPI tinha 545 balcões em Portugal, o que significa menos 243 face aos 788 que detinha no final de 2015. O emagrecimento de estruturas tem sido comum aos principais bancos que operam em Portugal, numa tentativa de melhorarem os resultados.

Acionistas decidem venda de 2% do BFA à Unitel

O conselho de administração do Banco BPI vai solicitar ao presidente da mesa da assembleia geral o agendamento de uma reunião magna de acionistas para avançar com a venda de 2% do BFA à Unitel. O BPI detém, atualmente, 50,1% do capital da instituição financeira angolana. A informação consta de um comunicado enviado nesta quarta-feira à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM), que dá ainda conta da intenção de ser debatido “um conjunto de ajustamentos estatutários respeitantes à designação e âmbito de atuação das comissões do Conselho de Administração”.

Além disso, o encontro de acionistas vai também deliberar sobre a ratificação de uma série de cooptações de administradores da entidade financeira. Para fazer face às saídas de António Domingues – que passou a liderar a Caixa Geral de Depósitos (CGD) desde o final de agosto – e de Edgar Alves Ferreira, a administração sugere a cooptação de Gonzalo Rotaeche e Pablo Calderón. De resto, o banco revelou que houve outros dois administradores que renunciaram aos seus cargos: Isidro Casas e Marcelino Vidal.

BPI e CaixaBank “completamente de acordo” sobre a corrida ao Novo Banco

O presidente executivo do BPI, Fernando Ulrich, assegurou que a equipa de gestão que lidera e o CaixaBank estão “completamente de acordo” com a forma como está a ser gerido o processo de tentativa de compra do Novo Banco. “Vi que havia uma sensibilidade diferente sobre a visão da administração do BPI e a do CaixaBank sobre o Novo Banco. Quero desmentir veementemente. Se há matéria em que estamos completamente de acordo é no que toca ao Novo Banco”, afirmou Ulrich, sem adiantar se o BPI vai avançar com uma proposta formal de compra.

Perante as questões colocadas pelos jornalistas sobre o assunto durante a apresentação de resultados, o responsável insistiu que “o BPI está totalmente alinhado com o CaixaBank e o CaixaBank tem apoiado totalmente as diligências do BPI sobre o Novo Banco”. O gestor escusou-se a avançar mais informações sobre esta operação, devido ao “acordo de confidencialidade” que foi assinado com o Fundo de Resolução sobre o processo de venda do Novo Banco.

“Não tenho nada a acrescentar sobre o Novo Banco. Não posso. Não foi feito nada que nos obrigasse a comunicar ao mercado um facto relevante”, realçou Ulrich. E reforçou: “Assinámos um acordo de confidencialidade relativamente ao Novo Banco. Está vivo na minha memória que não posso violar esse compromisso”.