A Direção Geral de Saúde (DGS) confirma que há situações em que, no Hospital Garcia de Orta, doentes infetados são colocados em enfermarias juntamente com doentes não infetados, mas conclui que o hospital de Almada cumpre com as regras de isolamento dos doentes infetados.

Tanto quanto as condições físicas do hospital permitem, são cumpridas as regras determinadas pelo Programa de Prevenção e Controlo de Infeção e Resistência aos Antimicrobianos em matéria de isolamento de doentes infetados“, lê-se no relatório elaborado após visita técnica de avaliação da qualidade e segurança às condições de controlo da infeção do Hospital Garcia de Orta, realizada na segunda-feira, entre as 11h00 e as 14h45, na sequência da notícia do “i”, que dava conta de situações em que doentes infetados partilhavam enfermarias com doentes não infetados e, inclusive, com pacientes que foram submetidos a cirurgias, estando, por isso, ainda mais debilitados.

Quando os quartos de isolamento estão ocupados, o que é frequente e sempre que um doente infetado é internado numa destas enfermarias, a mesma é transformada em quarto de isolamento, com desperdício de 2 camas, ou o doente é colocado na cama junto da janela, com bloqueio da cama do meio e separação por cortina“, acrescentam os técnicos da DGS.

Ao jornal “i”, o bastonário da Ordem dos Médicos, reagindo ao relatório da DGS, afirma que uma cortina “é um remendo, mas não é isolamento”.

A DGS refere ainda, no mesmo relatório, que sempre que há um doente infetado numa enfermaria “há uma limitação do número de visitas a 2 por doente, sendo que estas são recebidas por auxiliar de ação médica ou enfermeira, para orientação de cuidados preventivos e proteção”. Mas os técnicos da DGS acrescentam que não encontraram “evidência deste facto no processo clínico e interrogado um doente que partilha uma enfermaria com um doente infetado, aquele não possuía informação de como se proteger da transmissão de infeção”.

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Já em relação aos requisitos relativos às precauções básicas de controlo de infeção, recomendadas a nível nacional, “no que se refere a colocação dos doentes, higienização das mãos, etiqueta respiratória e equipamento de proteção de infeção, verificou-se que os mesmos são cumpridos”. E também “existem, na unidade de cuidados intensivos, normas de procedimento interno em matéria de limpeza e desinfeção de cada unidade de doente e de limpeza e recolha de resíduos sólidos”.

O conselho de administração referiu ainda à DGS que doentes infetados não são colocados na mesma enfermaria com doentes pós-operados.

E perante os factos encontrados e reportados pela instituição, a DGS conclui que “não se encontrou evidência que demonstre a veracidade” das informações noticiadas na segunda-feira.

O conselho de administração do Hospital Garcia de Orta, logo na segunda-feira, já tinha vindo esclarecer, através de comunicado, “que todos procedimentos de prevenção e controlo de infeção estão a ser cumpridos na instituição de acordo com as normas nacionais e internacionais”.

Com 540 camas, 80 camas de medicina e oito camas de cuidados intensivos, o hospital situado em Almada conta com cinco quartos de isolamento, um dos quais na unidade de cuidados intensivos. Atualmente estão a ser criados mais quatro quartos de isolamento, adianta a DGS, mas a administração da unidade hospitalar ainda considera “um número manifestamente insuficiente”.

A DGS constata, por último, algo que há muito é conhecido e afirmado: “O hospital está subdimensionado para a população que serve e que recebe através do serviço de urgência”.