Numa conferência organizada em Paris pelo The New York Times, Carlos Ghosn surpreendeu os participantes ao anunciar que, a médio prazo, a Aliança Renault-Nissan, que dirige, vai lançar um automóvel eléctrico low cost. Com ênfase no low, pois o preço prometido deverá ficar abaixo dos 8.000 dólares, cerca de 7.200€.

Ghosn, que começou como CEO da Renault e hoje lidera a marca francesa, para além da Nissan e da Aliança Renault-Nissan, conduziu as empresas que dirige para o mercado dos automóveis eléctricos em 2010 e, desde então, as vendas não param de aumentar. O Zoe da Renault e o Leaf da Nissan figuram hoje entre os três mais vendidos na Europa, enquanto o Leaf é ainda o 3º no ranking das vendas nos EUA (o Zoe não está disponível no mercado americano). No total, já são mais de 360.000 as unidades comercializadas 100% eléctricas.

A China, o país que enfrenta os mais graves problemas em termos de poluição ambiental do planeta, é também aquele que, por isso mesmo, mais tem impulsionado no último ano a venda de carros eléctricos. Aproveitando a joint-venture entre a Aliança franco-nipónica e a chinesa Dongfeng, que neste mercado oriental fabrica os modelos para a Renault e Nissan, o grupo liderado por Ghosn recorrerá aos seus parceiros locais para a fabricação do veículo com motor eléctrico, alimentado por baterias e com um preço extremamente competitivo (o que só possível porque a China é igualmente o produtor com maior potencial de crescimento de baterias).

É bom recordar que a Aliança Renault-Nissan, que já tem no Dacia Logan um veículo abaixo dos 10.000€ e vende o Kwid, na Índia, por cerca de 3.500€, está em perfeitas condições para impor um Kwid eléctrico, por exemplo, no mercado chinês por 7.200€. Obviamente, e se a China é uma prioridade imediata, o eléctrico low cost chegará necessariamente à Europa pouco tempo depois, sobretudo porque se há espaço para um Tesla superpotente por 100.000€, haverá muitos mais clientes interessados em adquirir um automóvel eléctrico a preços muito acessíveis.

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