Ainda o mundo recuperava do choque provocado pela vitória de Donald Trump e já o presidente eleito estava a trabalhar na constituição da sua equipa na Casa Branca. Os conselheiros de campanha, de acordo com o New York Times, afirmaram esta quarta-feira que — garantida a vitória — Trump está agora empenhado em formar a sua administração. Os nomes apontados incluem grandes figuras do Partido Republicano, como o ex-mayor de Nova Iorque, Rudolph Guiliani, ou o antigo presidente da Câmara dos Representantes, Newt Gingrich, mas também figuras do mundo empresarial como Steve Mnuchin ou Carl Icahn.
Newt Gingrich é, segundo o NYT e a CNN, um dos candidatos a integrar a administração como secretário de Estado (cargo equivalente a ministro dos Negócios Estrangeiros e o terceiro na hierarquia da administração), depois de já ter sido um dos coordenadores da campanha de Trump. Newt Gingrich é um dos notáveis do Partido Republicano e chegou a ser nomeado pela revista Time Homem do Ano em 1995, quando assumiu a liderança da Câmara dos Representantes. Fez a vida negra à Administração Clinton e chegou a provocar a paralisação do governo federal durante 28 dias por discordar dos planos de Bill Clinton (no Orçamento para 1996) para o Medicare, a Educação, o Ambiente e a Saúde. Gingrich é um duro republicanos e, em 2012, chegou a ser um dos favoritos para vencer a nomeação republicana à Casa Branca.
Gingrich enfrenta, no entanto, a concorrência de Bob Corker. Senador pelo Tennessee, Bob Corker é presidente do Comité de Relações Exteriores do senado norte-americano e é apontado como uma das hipóteses para o cargo pela CNN. Corker criou uma bem sucedida companhia de construção em 1978, mas vendeu a empresa em 1990. Em 1994 tentou candidatar-se pela primeira vez ao senado, mas perdeu. De 2001 a 2005 foi mayor da cidade de Chattanooga e chegaria ao Senado em 2006, onde tem integrado diversas comissões.
Para secretário da Defesa, o nome mais falado é, neste momento, o senador do Alabama, Jeff Sessions, que faz parte do inner circle de Trump e um dos principais conselheiros políticos do magnata durante a campanha. Nos últimos anos, Sessions integrou a Comité de Justiça do Senado, onde se opôs às nomeações de Obama para o Supremo Tribunal de Justiça. O homem que é agora falado para o Pentágono, chegou a ser procurador-geral do Alabama. Em 2007, foi considerado como pelo National Journal um dos cinco senadores mais conservadores. Foi um dos mais fiéis apoiantes da presidência de George W. Bush, tendo defendido importantes políticas de Bush como a redução de impostos entre 2001 e 2003, a Guerra do Iraque ou a proposta de lei de incluir uma emenda que proibisse o casamento entre pessoas do mesmo sexo.
Para a Segurança Nacional, o nome apontado é Rudy Giuliani, que era o mayor de Nova Iorque quando ocorreram os atentados nas Torres Gémeas a 11 de setembro de 2001. Chegou à presidência da cidade em 1994, tendo ficado conhecido por uma política de “tolerância zero” contra criminosos, o que fez com que a criminalidade baixasse 57% em Nova Iorque, acompanhado de uma redução dos homicídios em 65%. Em 2008, Giuliani ainda tentou concorrer à nomeação republicana, mas após fracos resultados desistiu (John McCain acabou por ser o escolhido).
Para secretário de Estado do Tesouro (equivalente a ministro das Finanças) de Trump a CNN indica dois nomes: Steve Mnuchin e Carl Icahn. Steve Mnuchin foi o diretor financeiro da campanha de Trump e fez carreira como um destacado banqueiro da Goldman Sachs, de onde saiu em 2002 já com uma fortuna acumulada de 40 milhões de dólares (36,2 milhões de euros). É também um homem com experiências em Hollywood, tendo trabalhado com a RatPac-Dune Entertainment, empresa responsável pelos filmes American Sniper e Mad Max: Fury Road. Em 2012 apoiou Mitt Romney, mas ganhou mais destaque na estrutura republicana quando assumiu em 2016 o cargo de diretor financeiro da campanha de Trump.
Quanto a Carl Icahn é um dos homens mais ricos do mundo, o 26º de acordo com a revista Forbes, com uma fortuna avaliada em 15,6 mil milhões de dólares [11,3 mil milhões de euros]. É um verdadeiro lobo de Wall Street, tendo começado a sua carreira na bolsa em 1968. Na década de 1980 teve bons resultados com aquisições de empresas como a Texaco ou a TWA. Atualmente, tem importantes participações em empresas como a Netflix.
Na noite eleitoral, o investidor terá abandonado mais cedo a festa da vitória de Donald Trump em Nova Iorque para fazer transações na bolsa. Numa entrevista à Bloomberg TV admitiu que fez aplicações no valor de mil milhões de dólares (724 milhões de euros) em títulos de empresas norte-americanas.
Chris Christie, governador republicano eleito por New Jersey, é outra das hipóteses do NYT para integrar a Administração Trump, embora não seja, para já, indicado para nenhum cargo específico. Christie foi um dos diretores de campanha de Trump, mas chegou a ser candidato à nomeação republicana para 2016, tendo desistido após maus resultados no início da batalha das primárias.
O número dois da Administração (vice-presidente), já se sabia, será Mike Pence, governador do Indiana desde 2013, apresentado como um discreto conservador.