Longe vão os dias de transpiração intensa. O calor já passou e com ele foi-se o odor desagradável associado ao suor e as manchas na roupa que nada têm de estético. No entanto, a transpiração não se fica pelas temperaturas altas e há outras causas que a originam, mesmo no inverno.

Segundo Craig Crandall, professor de medicina interna na Universidade do Texas, em declarações à revista Time, é enganador usar o suor como um barómetro para a saúde, porque na verdade “tudo depende muito de variações biológicas”. Duas pessoas com a mesma altura, do mesmo sexo e com a mesma constituição física podem transpirar de formas diferentes, sendo que uma pode transpirar mais do que a outra simplesmente porque tem mais glândulas sudoríparas.

De acordo com um estudo feito no Japão em 2010, as pessoas em forma não só transpiram mais do que as que não praticam exercício físico, mas também começam a transpirar mais depressa quando estão a fazer exercício. Quem está no pico da forma física treina com mais intensidade, o que se traduz em mais calor, logo, em mais transpiração. O estudo também concluiu que os homens têm tendência a transpirar mais do que as mulheres assim como as pessoas gordas tendem a transpirar mais do que as magras simplesmente porque os corpos maiores produzem mais calor durante a atividade física.

No entanto, mesmo entre atletas, a transpiração pode sofrer alterações. Um atleta que treine no Texas e outro que treine em Montana (estado dominado por grandes planícies e montanhas rochosas) transpiram de forma diferente quando estão a treinar nas mesmas condições, isto porque os corpos adaptam-se ao ambiente envolvente, quer seja quente ou húmido.

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Os homens tendem a transpirar mais do que as mulheres, sobretudo se tiverem de usar fato e gravata num dia de verão. (Foto: Keystone/Getty Images)

Mas a complexidade da transpiração não se fica pela regulação da temperatura corporal. Há quem transpire de nervos e, de acordo com Craig Crandall, a transpiração provocada pelo nervosismo provém de glândulas diferentes da transpiração causada pelo exercício. No mesmo artigo, o professor defende que “as glândulas sudoríparas que são sensíveis às emoções localizam-se essencialmente nas axilas, nas palmas das mãos e nas solas dos pés”. E, apesar de não dar jeito nenhum escrever com a caneta a escorregar, suar das mãos não é sinal de pouca saúde.

O que pode ser motivo de preocupação é a hiperidrose, uma condição que se caracteriza por transpiração excessiva — e por excessiva entenda-se quatro ou cinco vezes mais do que a média. Embora seja difícil identificar as suas causas, a hiperidrose pode derivar de uma infeção, de alguma medicação ou de doenças da tiroide.

Mas independentemente da produção de suor ser mais ou menos intensa, aquilo que está na sua composição não varia muito de pessoa para pessoa. O suor é composto basicamente por água, cloreto de sódio e potássio. E embora já tenha ouvido dizer que elimina as toxinas do seu corpo, a verdade é que não há provas disso. Ou seja, o bolo de chocolate que comeu antes de transpirar não vai sair miraculosamente pelos poros.