De um lado a candidata presidencial Maia Sandu, pró-União Europeia e apoiada pelo Partido do Povo Europeu. Do outro, o candidato Igor Dodon, pró-Rússia e líder do Partido dos Socialistas. Contabilizados os votos das eleições deste domingo na Moldávia, ganhou o candidato amigo de Moscovo, com cerca de 55% dos votos, depois de pouco mais de metade da população ter ido às urnas.

Com um discurso anti-europeu Igor Dodon chegou a prometer, em campanha, um referendo à adesão à União Europeia, mas este domingo, no primeiro discurso enquanto presidente eleito deu um passo atrás para dizer que seria o Presidente de todos os moldavos, quer fossem mais afetos ao bloco russo, quer ao bloco europeu.

Trata-se do primeiro presidente eleito na ex-república soviética da Moldávia em mais de duas décadas. A taxa de afluência às urnas foi superior ao esperado e há quem acuse a Comissão de Eleições de má organização. Muitos dos votantes no estrangeiro, em particular em países europeus, queixaram-se da falta de boletins de voto e das imensas filas de espera. Foi o caso, segundo relata o Politico, das embaixadas de Bruxelas e Bucareste, ou de Londres e Bolonha, onde centenas de pessoas foram impedidas de votar por falta de boletins de voto suficientes. A candidata pró-Europa, Maia Sandu, acusou mesmo as autoridades moldavas de infringirem os direitos dos cidadãos.

“Percebo muito bem a responsabilidade que recai sobre mim a partir de hoje”, começou por dizer Igor Dodon no domingo à noite, no discurso da aclamação. “Sei que não vai ser fácil mas prometo que serei o presidente de todos, daqueles que querem estar na União Europeia e daqueles que querem estar próximos da Rússia”, disse. Em plena campanha eleitoral, o candidato presidencial tinha dito que iria organizar um referendo ao acordo de associação com a UE.

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A Moldávia é uma república parlamentar com o Presidente como chefe de Estado e o primeiro-ministro como chefe de Governo. Daí que, reagindo ao resultado eleitoral, o primeiro-ministro, Pavel Filip, do partido democrata, tenha afirmado que “de acordo com a Constituição moldava, é a maioria parlamentar que suporta o Governo que tem a chave”. Filip é pró-adesão à União Europeia e insistiu que o caminho tem de continuar a ser feito nesse sentido.

A Moldavia é membro das Nações Unidas, do Conselho da Europa, da Organização Mundial do Comércio, da Organização para a Segurança e Cooperação na Europa (OSCE), assim como de outras organizações internacionais. O país, que faz fronteira com a Ucrânia e Roménia, e que é considerado o país mais pobre da Europa, tenciona tornar-se membro da União Europeia e já implementou o primeiro plano de ação trianual, no contexto da Política de Vizinhança Europeia.

No início de novembro, o Fundo Monetário Internacional aprovou um empréstimo de mais de 178 milhões de dólares para a Moldávia.