Os preços de produtos básicos como o arroz, óleo, massa e açúcar apareceram esta sexta-feira nos supermercados venezuelanos com aumentos entre 20 por cento e 147 por cento, perante a surpresa de clientes que voltavam a colocá-los nas prateleiras.
“Está tudo muito mais caro que há uma semana, tudo isto é uma loucura. Não temos sossego porque cada vez que vamos a um supermercado as coisas sobem de preço. Na semana passada, um quilograma de arroz custava à volta de 3.600 bolívares (5,16 euros à taxa oficial mais alta) e hoje custa 6.950 (9,97 euros)”, disse Aída Arellano à Agência Lusa junto à saída de um conhecido estabelecimento comercial de Sabana Grande (leste de Caracas).
Natural de Cumaná (leste de Caracas), com 50 anos de idade e a viver na capital da Venezuela desde há quase 30 anos, esta doméstica venezuelana queixou-se de que tem dois filhos já casados e três netos, mas que “toda a família está em apuros porque os salários não chegam para viver comodamente, mesmo sem luxos”.
“Falam tanto da 4.ª República mas foi durante os governos anteriores que conseguimos comprar um pequeno apartamento, que aos fins de semana viajávamos até ao interior e dávamos uma ‘escapadela’ ao restaurante ou ao cinema. Agora isso é impossível”, frisou.
Em El Bosque, Juan Alejandro Martínez, de 52 anos, saía pensativo e de olhar cabisbaixo de um supermercado local com dois quilos de açúcar num saco.
“Você é jornalista, não é? Vocês têm que denunciar isto. Todos devem saber as dificuldades que estamos a passar e o Governo e a oposição, o que fazem, é ‘lixar’ o povo, com negociações, politiquice e ideologias”, disse à Agência Lusa.
Juan Alejandro Martínez apontou que o açúcar aumentou 147% numa semana, passando de 2.400 bolívares (3,44 euros) o quilo para 5.950 (8,53 euros), meio quilo de massa custava 3.800 (5,45 euros) e agora custa 4.560 (6,54 euros, 20% de aumento) e o óleo vegetal aumentou de 2.500 para 5.925 (137%, de 3,58 para 8,50 euros).
“Dizem que são preços internacionais, mas o povo sabe que lá fora as coisas não estão tão caras. E para rematar não temos dinheiro em efetivo porque mandaram recolher as notas de 100 bolívares, os bancos não têm notas para distribuir, nem novas nem velhas e os ‘puntos’ (terminais de pagamento) com cartões estão muito lentos”, disse.