“Impedir Donald Trump de fazer uma visita de Estado ao Reino Unido”. É assim que se chama a petição que começou a circular na internet este fim de semana e que, a meio da tarde deste domingo, já reunia mais de meio milhão de assinaturas, bem mais do que as 100 mil necessárias para o tema ser discutido no Parlamento britânico. A petição começou a circular em protesto pela polémica ordem judicial de Donald Trump, que está a impedir cidadãos naturais de países de maioria muçulmana de entrar nos EUA, e depois de a primeira-ministra britânica ter sido recebida por Trump em Washington e ter feito um convite oficial para o presidente norte-americano ser recebido brevemente pela rainha de Inglaterra.

“Donald Trump deve poder entrar no Reino Unido na qualidade de chefe do Governo norte-americano, mas não deve poder ser convidado para uma visita oficial porque isso causaria embaraço a sua majestade, a rainha. A misogenia e vulgaridade de Donald Trump, suficientemente documentadas, desqualificam-no da categoria de personalidades que merecem ser recebidos por sua majestade a rainha Isabel II”, lê-se no texto da petição, que pelas 18h30 contava precisamente com mais de 518 mil assinaturas. “Assim sendo, nos termos do seu mandato presidencial Donald Trump não deve ser convidado pelo Reino Unido para qualquer visita de Estado”, concluem os peticionários.

Theresa May esteve esta sexta-feira em Washington, naquela que foi a primeira visita de um líder estrangeiro à Casa Branca desde que Donald Trump tomou posse. Aproveitando a ocasião, a primeira-ministra britânica endereçou ao presidente norte-americano um convite da rainha Isabel II para uma visita de Estado ao país. Donald Trump terá aceitado o convite e a visita deverá realizar-se “ao longo deste ano”.

Mas são muitas as vozes que agora se levantam contra este convite ainda sem data marcada. Um dos principais críticos tem sido o líder do partido trabalhista britânico, Jeremy Corbyn, que no Twitter tem apelado ativamente pela assinatura da petição e tem exigido a Theresa May que repense o convite que fez. Tudo na sequência do decreto presidencial assinado por Trump na sexta-feira, que está no centro de toda a polémica. A ordem executiva, com caráter temporário, impedir cidadãos naturais de países de maioria muçulmana de entrarem no país, e a obrigar a um escrutínio apertado e “discricionário” na fronteira de todos os viajantes que venham de países considerados suspeitos pela administração Trump (Iraque, Síria, Irão, Líbia, Somália, Sudão e Iémen).

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Pondo pressão na primeira-ministra britânica, Corbyn insiste que Theresa May estará a “falhar ao povo britânico” se não cancelar a visita de Estado de Trump e se não condenar as suas ações em “termos claros”. Este domingo, Theresa May já fez saber que “não concorda” com a medida anti-imigração do presidente dos EUA. “A política de imigração nos Estados Unidos é um assunto do governo dos Estados Unidos, tal como a política de imigração do nosso país deve ser estabelecida pelo nosso governo. Mas não estamos de acordo com este tipo de abordagem e não a vamos adotar”, disse o porta-voz de de Downing Street numa declaração.

Mas Jeremy Corbyn quer ação mais direta. Além dos comentários no Twitter, o líder trabalhista já tinha dito numa entrevista na ITV que achava que o Reino Unido devia “tornar mais claro que está indignado com a medida, e que seria totalmente errado visitar o nosso país enquanto esta situação se mantiver”. “Acho que deve ser mesmo desafiado em relação a isto”, acrescentou.

A petição pode ser vista aqui.