O número insuficiente de unidades de cuidados paliativos e continuados para acolher doentes oncológicos é uma das situações que mais angustia a União Humanitária dos Doentes com Cancro (UHDC), que existe há quase 19 anos.
“Está a ser um fantasma ainda maior do que o próprio cancro, porque os cuidados continuados e paliativos não existem em Portugal em quantidade suficiente”, afirmou à agência Lusa Raquelinda Magalhães, porta-voz da UHDC, a propósito do Dia Mundial da Luta Contra o Cancro, que hoje se comemora.
Segundo Raquelinda Magalhães, “cada vez há mais casos de cancro em Portugal” e a UHDC “cada vez tem mais pedidos de ajuda” dos doentes e das suas famílias.
“Estamos de portas abertas para ajudar. Todos os dias temos muitas chamadas, mas não conseguimos dar resposta a muitas delas porque têm a ver com cuidados paliativos e continuados”, contou, sublinhando a importância de ser dado “um final de vida digno” aos doentes.
A UHDC – que vive de donativos – dá apoio psicológico, médico e domiciliário aos doentes com cancro e seus familiares, gratuitamente e em regime de voluntariado.
“Infelizmente, só temos uma carrinha, precisávamos de mais. Gostaríamos de ajudar ainda mais os doentes, mas às vezes somos impotentes perante as situações, porque não temos os meios suficientes”, lamentou.
Raquelinda Magalhães contou que os voluntários se deparam com situações como doentes que passam fome, maridos ou esposas que não sabem ultrapassar o drama do cancro e crianças que “ficam um bocadinho perdidas” e começam a ter dificuldades na escola.
“Eu só sei dar este testemunho porque estou a passar por isto desde 2002, daí conseguir perceber que esta entreajuda é muito necessária”, frisou.
Dando resposta ao aumento de pedidos de ajuda dos doentes e seus familiares, a UHDC abriu um novo espaço em São Pedro de Penaferrim, Sintra, onde estará uma psicóloga à segunda-feira.
Um estudo publicado pelo Instituto Nacional de Estatística (INE) sobre doenças oncológicas refere que os tumores malignos estiveram na origem de 26.640 mortes em Portugal no ano de 2015.
Raquelinda Magalhães referiu que se estima que, em 2030, a incidência do cancro aumente em mais de 20%.