O Bloco de Esquerda apresentou esta sexta-feira um pedido de esclarecimento urgente ao Banco de Portugal sobre a nomeação de Luís Costa Ferreira, ex-consultor da PricewaterhouseCoopers (PwC), para chefiar a Direção de Supervisão Prudencial. Os bloquistas acreditam que a nomeação de Costa Ferreira comporta um “conflito de interesse óbvio e inaceitável”.

Em causa está o percurso profissional de Luís Costa Ferreira. Entre julho de 2013 e outubro de 2014, Costa Ferreira foi diretor do Departamento de Supervisão Prudencial do Banco de Portugal. “Durante esse período”, lembram os bloquistas, “a auditora PwC foi contratada pelo Banco de Portugal para vários trabalhos de supervisão. Entre eles, o ETRICC2, que expôs os problemas do Grupo Espírito Santo (GES)”.

Em agosto de 2014, a PwC seria depois escolhida para elaborar o balanço inicial do Novo Banco, entretanto criado para separar o “banco bom” do chamado “banco mau”. Dois meses depois, em outubro de 2014, Luís Costa Ferreira deixou o seu lugar à frente da Direção de Supervisão Prudencial — assumiria funções na PwC em janeiro de 2015.

Acabaria por liderar as funções de liderança da área de Serviços Financeiros na PwC. Na fundamentação apresentada pelos bloquistas, o partido coordenado por Catarina Martins lembra, de resto, que o motivo da nomeação de Luís Costa Ferreira foi assumido pela própria PwC no comunicado então divulgado. “As alterações no setor decorrentes da entrada em vigor do Mecanismo Único de Supervisão, que prevê a supervisão prudencial direta pelo Banco Central Europeu das instituições de crédito significativas, criam grandes oportunidades na área da regulação dos serviços financeiros”, justificou-se a PwC. A contratação de Luís Costa Ferreira iria permitir “adquirir competências e skills únicos irá permitir liderar este sector”.

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Agora, e depois de dois anos a “desempenhar funções ao mais alto nível na PwC, nomeadamente na área da supervisão bancária”, continuam os bloquistas, “Luís Costa Ferreira volta ao Banco de Portugal para, de novo, chefiar a Direção de Supervisão Prudencial”.

A existência de conflitos de interesse é óbvia e inaceitável. Luís Costa Ferreira passa de regulador a Partner de uma empresa que presta consultoria a regulados, voltando depois a ser regulador”, concluem os bloquistas.

Assim, o Bloco decidiu requerer ao Banco de Portugal, com “caráter de urgência”, que apresentasse junto do Parlamento os “pareceres da Comissão de Ética” que suportam esta nomeação de Luís Costa Ferreira, “bem como toda a informação relevante que tenha servido de base a esta nomeação inaceitável”.