O ex-primeiro-ministro italiano, Matteo Renzi, demitiu-se este domingo do cargo de secretário-geral do Partido Democrata (PD), força que está no poder. A demissão era esperada e foi anunciada este domingo no arranque da assembleia do partido pelo presidente Matteo Orfini. O objetivo de Renzi, que enfrenta contestação interna, é submeter-se novamente a votação e reforçar a sua liderança no próximo congresso do partido, que se deve realizar em abril.
De acordo com o diário italiano La Repubblica, Matteo Renzi recebeu um forte aplauso quando subiu ao púlpito para antecipar uma recandidatura: “Não podem dizer a alguém para não se recandidatar porque só isso evita a cisão. Têm o direito de derrotar-me [numa votação], não de eliminar-me“. No mesmo discurso o socialista afirmou que “cisão é uma das piores palavras que existe, mas pior mesmo é a palavra chantagem. Não é aceitável que uma minoria bloqueie um partido.”
Renzi tem enfrentado uma crescente contestação interna, desde que em dezembro de 2016 perdeu um referendo que pretendia reformar a constituição. O líder (agora demissionário) do PD era primeiro-ministro e demitiu-se após a derrota no referendo, sendo agora o Governo chefiado por outro membro do partido: o antigo ministro dos Negócios Estrangeiros de Renzi, Paolo Gentiloni.
No discurso deste domingo, Renzi continua o jogo de palavras, dizendo: “A palavra-chave que proponho hoje é: respeito”. O ex-primeiro-ministro adverte ainda que o partido está a dar uma “péssima imagem” com as guerrilhas internas e lembrou que a responsabilidade do PD não é apenas com o partido, mas com o país. Sugeriu ainda que, num tempo de crescimento do populismo, a “cisão” só favorece o Movimento 5 Estrelas de Beppe Grillo: “Oh Beppe, que belo presente estamos a dar-te ao falarmos apenas de nós próprios.”
Renzi lidera o Partido Democrata desde dezembro de 2013, tendo-se tornado três meses depois primeiro-ministro italiano. Entre a “minoria” que critica Renzi, estão figuras do partido como o deputado Roberto Speranza, o presidente da região da Apúla, Michele Emiliano, o antigo líder do partido Pierluigi Bersani ou o presidente da Toscânia, Enrico Rossi.