Eram os primeiros anos do século XIX e Thomas D. Rice, comediante nova-iorquino, precisava de novas inspirações. Em busca de outros ares, rumou para o sul dos Estados Unidos para colher algumas ideias. Por lá, percebeu que os brancos mais ricos chamavam “crow” (“corvo”) aos seus escravos negros e que estes, nas horas de descanso, cantavam para espantar o sofrimento a que eram sujeitos durante o dia. Havia uma música especial para esses escravos: era a Jump Jim Crow. Thomas D. Rice preparou um espetáculo em redor dessa canção. E regressou a Nova Iorque.
Sempre que subia a palco, sedento de aplausos e gargalhadas, Thomas D. Rice pintava-se de preto, vestia roupas velhas e dançava de forma estranha em frente ao público. A letra da canção referia-se a um homem negro pobre que vagueava pelos estados sulistas dos Estados Unidos, fazendo e dizendo disparates. O espetáculo ganhou uma fama tão grande que os negros passaram a ser rotulados de ignorantes, tal como Jim Crow. A própria Disney contribuiu para essa ideia racista quando chamou aos corvos do filme Dumbo, que eram músicos e ladrões, Jim Crow e lhes deu um sotaque africano.
A imagem perpetuou-se durante tanto tempo que as leis locais da segregação racial aprovadas no sul do país passaram a ser chamadas de “Leis Jim Crow”.
Essas leis mandavam que os brancos e negros (em algumas cidades também os asiáticos) fossem sempre separados: tinham portas diferentes para entrar nos parques e nos cinemas, estavam proibidos de frequentar as mesmas escolas e até os eventos públicos eram marcados com duas datas — uma para brancos e outra para negros. Havia zonas específicas para negros nos autocarros, nas estações de comboio e nas fontes dos jardins. Quando os ventos da luta pelos direitos civis começaram a soprar, muitos negros foram mortos e vítimas de protestos violentos por parte das comunidades brancas.
A segregação racial nos Estados Unidos durou desde meados do século XIX até 1965. Desses tempos ficam as fotos que pode ver lá em cima na fotogaleria. São, no mínimo, perturbadoras.