A líder do CDS, Assunção Cristas, defendeu que deve ser melhorada a organização e gestão interna do Banco de Portugal, que classificou como “muito antiquada”.
“Em relação à supervisão, em geral, entendemos que há afinamentos e melhoramentos que devem ser feitos, desde logo sobre a forma de organização e de gestão dentro do próprio Banco de Portugal, que nos parece muito antiquada”, disse aos jornalistas a dirigente centrista à margem de uma visita a um bairro de Lisboa onde na segunda-feira ocorreu uma derrocada de terras.
Questionada sobre o governador do Banco de Portugal, Carlos Costa, a líder do partido referiu que “respeita e reconhece” o estatuto de independência da instituição, pelo que preferiu não se pronunciar neste momento.
A coordenadora do Bloco de Esquerda, Catarina Martins, reafirmou na sexta-feira que o governador do Banco de Portugal “não tem condições” para se manter em funções, devido às “várias falhas graves” que tem demonstrado na supervisão da banca.
No mesmo dia, o primeiro-ministro, António Costa, afirmou que o governo tem trabalhado com o governador do Banco de Portugal “de forma leal e construtiva”, escusando-se a comentar a atuação do regulador no dossiê que culminou com a resolução do Banco Espírito Santo (BES).
Cristas lembrou que na quinta-feira o CDS-PP fará uma interpelação ao governo na Assembleia da República sobre vários aspetos relacionados com a supervisão bancária em Portugal e disse que o partido irá apresentar propostas concretas.
“O que lhes posso dizer é que há muitos anos que nós entendemos que a supervisão bancária em Portugal não funciona como deve funcionar”, declarou.
A propósito, recordou uma entrevista de Carlos Costa em que o responsável pelo Banco de Portugal se queixava da falta de poderes para fazer o que lhe era exigido.
“Como é evidente, se não há esses poderes, se não há esses meios, eles têm de ser encontrados, mas o que nós vimos é uma casa com muita gente, com muitos departamentos, que se calhar não está devidamente focada naquilo que tem de ser a sua prioridade, o seu trabalho e naquilo que é necessário”, sustentou Assunção Cristas.
Para a dirigente partidária, há muito trabalho a fazer nesta matéria.
“Há muito tempo que estávamos a preparar um pacote legislativo para esta matéria. No congresso que está agora a fazer um ano, esta foi uma das prioridades assinaladas e não se completará um ano da minha liderança do CDS sem que esta matéria seja apresentada no parlamento”, frisou.