É desde sempre um dos grandes mistérios da humanidade — ou pelo menos desde que, no século IV a. C., Platão a descreveu nos “Diálogos de Críticas e Timeu” como uma das mais avançadas civilizações humanas, eclipsada outros 9 mil anos antes depois de ter ousado querer dominar os povos do Mediterrâneo (os habitantes de uma versão primordial de Atenas tal como o filósofo grego a conheceu incluídos).
Durante séculos, historiadores e curiosos têm tentado responder à questão: a Atlântida existiu ou não? E se existiu, onde? Em “A Ascensão da Atlântida”, que estreou ontem no National Geographic, os cineastas James Cameron e Simcha Jacobovici (um ganhou um Óscar, outro um Emmy) juntam-se ao rol e navegam “para além das Colunas de Héracles” (ou do Estreito de Gibraltar, como se convencionou chamar-lhe entretanto), na tentativa de desvendar o mistério.
“Foi assim que as ruínas de Tróia foram descobertas. Só temos alguns fragmentos de Platão, de Crítias e Timeu, ainda assim esta história fragmentada tem intrigado as pessoas desde que ele a escreveu, há 2400 anos”, disse o realizador de Titanic à norte-americana People. “Quando não estou no meu emprego de dia, como tipo que faz filmes em Hollywood, estou a fazer o meu outro trabalho, como explorador de oceanos. A recompensa é termos conseguido, enquanto explorávamos uma série de locais possíveis para a Atlântida, encontrar bons indícios de que tenha de facto existido uma cultura de marinha mercante para lá dos chamados Pilares de Hércules, mesmo junto à costa de Espanha. Isso é incrível!”
A expedição, em que participaram arqueólogos, cientistas e historiadores, passou por Jáen, em Espanha, onde foram descobertos vestígios de uma grande cidade da Idade do Cobre, e também pelos Açores, onde há apenas dois anos foram encontrados columbários e crematórios pré-romanos, utilizados parar guardar urnas contendo cinzas.
“Acho que muita gente, quando ouve a palavra ‘Atlântida’, a coloca na mesma categoria que abduções extraterrestres. Não é de todo o caso. Alguém escreveu esta história, e não foi uma pessoas qualquer — foi Platão, um dos mais famosos filósofos da história. As pessoas podem pensar na Atlântida como um lugar que alguns dizem que existiu e outros garantem que não. Se lermos o texto original com atenção – e é incrível a quantidade de vezes que podes ler as mesmas páginas e não ver realmente o que lá está – Platão não diz que é apenas um local. Ele diz que foi uma civilização. Um império. Se daqui a milhares de anos alguém andar à procura da civilização americana, não vai querer descobrir apenas Manhattan. Quando percebemos isso, e começámos a visitar sítios como a Sardenha — quer dizer, há 7 mil ou mais templos na Sardenha que correspondem à descrição da arquitetura da Atlântida –, fiquei maravilhado!”, explicou à mesma revista Simcha Jacobovici.