A gota de água que fez explodir a guerra síria aconteceu a 15 de março de 2011. Damasco, Alepo e Daara tornaram-se “berços da revolução” com protestos contra a tortura de quinze estudantes, jovens de famílias proeminentes na Síria, depois de terem sido detidos por escreverem “As pessoas querem a queda do regime” numa parede. Manifestantes e polícia do governo entraram num conflito que não parou de se intensificar desde então. A guerra dura faz esta quarta-feira seis anos. E já deixou um rasto de mais de 451 mil mortos (estimativa do Observatório Sírio dos Direitos Humanos), cerca de 7,6 milhões de desalojados e quase 5 milhões de refugiados.

A guerra na Síria já se adivinhava no entanto há muito com conflitos nas ruas da capital, Damasco, e nas principais cidades do país. Parte da população pedia a saída de Bashar Al-Assad, que governa o país num regime ditatorial desde 2000, seguindo as passadas do pai. A outra parte defendia o regime e alega lutar contra “terroristas armados que visam desestabilizar o país”. Mas mais do que um conflito político, a guerra na Síria é também feita de confrontos religiosos e raciais.

A inspiração para as forças contrárias ao regime nasceu na Primavera Árabe, que em 2010 derrubou os ditadores na vizinha Tunísia e o Egito. Mas as forças fiéis a Bashar Al-Assad responderam com um exército que faz frente aos rebeldes em busca da democracia síria. Mas não apenas com armas: a liberdade de imprensa foi estrangulada, o acesso à Internet foi cortado, os direitos humanos continuam a ser postos em xeque.

Um país fragilizado como a Síria tornou-se terreno fértil para os grupos extremistas. Ramos do Hezbollah ou do autoproclamado Estado Islâmico (apoiado pelo Iraque) aproveitaram para ganhar territórios em direção ao Ocidente e impor a interpretação extremista que têm do islamismo. Foi assim que o território sírio se transformou no palco de duas guerras em simultâneo (contra o regime e contra os grupos terroristas), que deixou milhões de pessoas encurraladas entre a espada e a parede e que um motivou uma onda de refugiados como não víamos desde a II Guerra Mundial.

Na fotogaleria pode encontrar 84 imagens comparativas da Síria (sobretudo da cidade de Alepo) antes e depois da guerra. São publicadas desde 2011 pelo restaurante Olympia, que documenta através do Facebook as cicatrizes que a guerra está a deixar nos monumentos, locais históricos, casas centenárias, mesquitas e igrejas, mercados e centro comerciais reduzidos a cinzas nos últimos seis anos. Entre esses monumentos estão alguns considerados Património da Humanidade pela UNESCO desde 1986.

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